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Radioterapia do HC tem 100 pessoas na fila
Obra no hospital de Ribeirão provoca espera de pelo menos dois meses para novos pacientes iniciarem o tratamento
No hospital de Barretos, a situação é ainda pior: a espera média pelo tratamento que combate o câncer é de cinco meses
BRUNA SANIELE
DA FOLHA RIBEIRÃO
O Hospital das Clínicas de
Ribeirão Preto tem cem pessoas na fila de espera para iniciar tratamento de radioterapia
contra o câncer. O motivo da
espera é uma obra no hospital,
principal unidade num raio de
200 quilômetros.
A espera média, de dois meses, pode prejudicar o tratamento, segundo o radio-oncologista do hospital, Harley
Francisco de Oliveira.
A ala que faz o procedimento
está em obras para a instalação
de aparelhos mais modernos
desde agosto passado. Cerca de
120 pacientes com câncer que
estavam fazendo tratamento
foram transferidos para as Santa Casas de São Carlos e Franca
e para a Beneficência Portuguesa de Ribeirão.
Segundo Oliveira, as Santa
Casas não têm capacidade para
absorver toda a demanda do
HC e a Beneficência Portuguesa não tem tecnologia para
atender procedimentos complexos. O HC está em negociação com a Santa Casa de Araraquara, que poderia atender
mais 30 pacientes.
Mesmo com o novo aparelho
que está sendo instalado, o HC
não vai conseguir acabar com a
fila -o equipamento poderá
atender apenas mais 70 pacientes. Até o próximo ano, três novos equipamentos devem entrar em funcionamento para
suprir a demanda.
"Essa demora pode significar
mais sofrimento para o paciente ou acabar com toda a chance
de cura", disse o presidente da
Sociedade Brasileira de Radioterapia, Carlos Manoel Mendonça de Araújo.
Segundo o médico, quem não
passa por radioterapia logo
quando é detectada a doença
pode sofrer com a evolução do
quadro. Araújo afirmou que todos os anos 80 mil pacientes
deixam de se tratar porque não
existem vagas suficientes no
país. "Não há investimento em
equipamentos de radioterapia
no país pela rede privada.".
A reforma no HC está prevista para terminar no final de julho e vai custar cerca de R$ 6,5
milhões -R$ 1,5 milhão será
gasto em obras e o restante, em
equipamentos.
"A radioterapia é o fator limitante no sistema público por
causa da falta de equipamentos", disse Oliveira. Segundo o
radio-oncologista, enquanto
cerca de 80% da população brasileira com câncer consegue se
operar e 70% têm acesso à quimioterapia, apenas 40% dos
pacientes conseguem fazer o
tratamento radioterápico.
O Hospital de Câncer de Barretos, que atende pacientes de
todo o país, tem atualmente
1.400 pessoas na fila de espera
pelo radioterapia, segundo o diretor-geral da unidade, Henrique Prata. O período médio de
espera é de cinco meses.
Só nos últimos dois meses,
200 pessoas entraram na fila.
De acordo com o diretor, cada
um dos quatro aparelhos em
funcionamento no hospital
atende cerca de 100 pacientes
por dia, durante 22 horas.
"O importante agora é não
quebrar os aparelhos para eu
continuar o tratamento", disse
o motorista Anísio Pinhal, 61,
que esperou quatro meses pelo
tratamento para câncer das
cordas vocais no hospital de
Barretos.
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