Ribeirão Preto, Terça-feira, 12 de Maio de 2009

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Radioterapia do HC tem 100 pessoas na fila

Obra no hospital de Ribeirão provoca espera de pelo menos dois meses para novos pacientes iniciarem o tratamento

No hospital de Barretos, a situação é ainda pior: a espera média pelo tratamento que combate o câncer é de cinco meses


BRUNA SANIELE
DA FOLHA RIBEIRÃO

O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto tem cem pessoas na fila de espera para iniciar tratamento de radioterapia contra o câncer. O motivo da espera é uma obra no hospital, principal unidade num raio de 200 quilômetros.
A espera média, de dois meses, pode prejudicar o tratamento, segundo o radio-oncologista do hospital, Harley Francisco de Oliveira.
A ala que faz o procedimento está em obras para a instalação de aparelhos mais modernos desde agosto passado. Cerca de 120 pacientes com câncer que estavam fazendo tratamento foram transferidos para as Santa Casas de São Carlos e Franca e para a Beneficência Portuguesa de Ribeirão.
Segundo Oliveira, as Santa Casas não têm capacidade para absorver toda a demanda do HC e a Beneficência Portuguesa não tem tecnologia para atender procedimentos complexos. O HC está em negociação com a Santa Casa de Araraquara, que poderia atender mais 30 pacientes.
Mesmo com o novo aparelho que está sendo instalado, o HC não vai conseguir acabar com a fila -o equipamento poderá atender apenas mais 70 pacientes. Até o próximo ano, três novos equipamentos devem entrar em funcionamento para suprir a demanda.
"Essa demora pode significar mais sofrimento para o paciente ou acabar com toda a chance de cura", disse o presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia, Carlos Manoel Mendonça de Araújo.
Segundo o médico, quem não passa por radioterapia logo quando é detectada a doença pode sofrer com a evolução do quadro. Araújo afirmou que todos os anos 80 mil pacientes deixam de se tratar porque não existem vagas suficientes no país. "Não há investimento em equipamentos de radioterapia no país pela rede privada.".
A reforma no HC está prevista para terminar no final de julho e vai custar cerca de R$ 6,5 milhões -R$ 1,5 milhão será gasto em obras e o restante, em equipamentos.
"A radioterapia é o fator limitante no sistema público por causa da falta de equipamentos", disse Oliveira. Segundo o radio-oncologista, enquanto cerca de 80% da população brasileira com câncer consegue se operar e 70% têm acesso à quimioterapia, apenas 40% dos pacientes conseguem fazer o tratamento radioterápico.
O Hospital de Câncer de Barretos, que atende pacientes de todo o país, tem atualmente 1.400 pessoas na fila de espera pelo radioterapia, segundo o diretor-geral da unidade, Henrique Prata. O período médio de espera é de cinco meses.
Só nos últimos dois meses, 200 pessoas entraram na fila. De acordo com o diretor, cada um dos quatro aparelhos em funcionamento no hospital atende cerca de 100 pacientes por dia, durante 22 horas.
"O importante agora é não quebrar os aparelhos para eu continuar o tratamento", disse o motorista Anísio Pinhal, 61, que esperou quatro meses pelo tratamento para câncer das cordas vocais no hospital de Barretos.


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