|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Rios e vegetação favoreciam a sobrevivência do homem pré-histórico, segundo pesquisadora da USP
Região teve "superpopulação" de tribos
do enviado especial
A região de Ribeirão Preto deve
ter sido superpovoada por tribos
pré-históricas, atraídas pelo tipo
de vegetação e pela abundância de
rios, principalmente nas proximidades da cidade de Cajuru.
A conclusão é da arqueóloga Silvia Maranca, vice-diretora do
MAE (Museu Arqueológico e Etnológico) da USP (Universidade
de São Paulo).
"A mata e os rios forneciam a
eles tudo o que precisavam para
sobreviver", afirma a pesquisadora. Na semana passada, ela retirou
três urnas em cerâmica, enterradas em uma fazenda de Cajuru.
As peças -primeiros artefatos
cerâmicos encontrados na cidade- estavam a menos de 500 metros do rio Pardo e 80 centímetros
abaixo do solo.
As urnas foram salvas pelo operador de máquinas Amiro Roela,
funcionário da Usina Amália. Ele
fazia terraplenagem em uma área
da fazenda, quando bateu na peça
pré-histórica.
"Perto do local em que retiramos os objetos ainda pode haver
marcas de uma aldeia", afirma a
pesquisadora da USP.
Ela diz ter feito vistoria no terreno, depois da escavação, sem encontrar mais vestígios de artefatos
pré-históricos.
Dentro da urna, ainda foi encontrada uma ossada de um humano
pré-histórico.
O material recolhido está no
Museu de Arqueologia da USP,
onde será recuperado e estudado.
"Vamos devolver a peça depois
para o museu da cidade", afirmou
a pesquisadora da universidade.
A descoberta ajuda os arqueólogos a analisar como viviam as tribos pré-históricas.
Na região de Ribeirão Preto, já
foram encontrados artefatos desse
período, que datam de 500 anos
antes do descobrimento do Brasil,
em 1500, em São Simão, Cajuru e
Monte Alto.
De acordo com a arqueóloga, as
tribos migravam quando faltava
alimento e dependendo das mudanças do clima.
As informações encontradas em
Cajuru, em relação ao tipo de artesanato, serão comparadas com as
que foram obtidas em Monte Alto.
É possível saber, por exemplo, se
as peças pertenciam a um mesmo
grupo. "A arqueologia tem como
função reconstituir a vida do homem pré-histórico", disse.
Por enquanto, arqueólogos
acham difícil precisar o nome das
tribos que viveram na região. Isso
porque os registros da população
indígena no país começaram a ser
feitos após a colonização portuguesa, a partir de 1530.
A data das peças desenterradas
na região estão sendo submetidas
ao teste do carbono 14. Por meio
da medição da radiação, cientistas
conseguem estimar a data em que
houve a confecção.
Os artefatos já testados, que foram achados em Monte Alto, têm
mais de 1.500 anos de existência,
de acordo com o museu da cidade.
Garimpo
As escavações de Cajuru só serão
retomadas caso apareçam novos
indícios de tesouros arqueológicos, segundo a pesquisadora.
Hoje, existem pelo menos 25 sítios arqueológicos no Estado, sendo que 17 deles recebem a supervisão da equipe do MAE.
No total, 14 arqueólogos trabalham nessas buscas, divididos em
regiões.
No próximo mês, pesquisadores
do MAE devem inaugurar em
Monte Alto o segundo museu do
interior, em parceria com a prefeitura da cidade.
Cerca de 2.000 peças já foram recolhidas na região, entre pontas de
lanças feitas em pedras, cerâmicas
e machadinhas.
Além disso, teriam sido descobertos dez esqueletos. O acervo
desse novo museu está sendo
mantido em segredo.
Os arqueólogos da USP participam de escavações em três pontos
do litoral paulista e outros seis no
interior, sendo que metade deles
ficam na região de Ribeirão Preto.
As descobertas na região de Ribeirão são fotografadas e filmadas
para depois serem comparadas e
estudadas pelos pesquisadores.
(ALESSANDRO SILVA)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|