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Prefeitura muda lei e beneficia lote da CDHU
Ampliação do João Rossi foi feita sem exigência de construção de garagens
Nova lei do "puxadinho" da gestão Dárcy Vera será enviada à Câmara após análise do Comur, para "evitar desgaste político"
VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO
A nova lei do "puxadinho"
que a Prefeitura de Ribeirão
pretende enviar à Câmara para
a regularização de imóveis vai
beneficiar diretamente o Estado, que ampliou um conjunto
habitacional de apartamentos
na zona sul, o Jardim João Rossi, sem obedecer a exigência de
construção de garagens.
Ao todo, a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado)
tem no João Rossi 224 apartamentos novos à espera dos moradores, mas o imóvel não pode
ser registrado em cartório porque, de acordo com a legislação
municipal, faltam 90 vagas de
estacionamento para os edifícios. Sem registrar o imóvel, o
Estado não consegue iniciar o
sorteio de mutuários.
Segundo Evaldo Jardim, gerente regional da CDHU em Ribeirão, o Estado descumpriu a
legislação municipal porque o
projeto original do Jardim João
Rossi é de 1986, quando a exigência relativa à construção de
garagens, regulamentada em
2007, não existia.
Jardim confirmou que as
obras dos 224 novos apartamentos seguiram em ritmo
lento porque a CDHU aguarda
a aprovação de uma lei de regularização pela Câmara de Ribeirão. Desde março, segundo ele,
se o projeto do conjunto habitacional já estivesse regular, o
Estado poderia ter iniciado o
processo para sortear os futuros moradores.
Antes de ir para a Câmara, o
novo texto proposto pela prefeitura passará por avaliação do
Comur (Conselho Municipal
de Urbanismo). Segundo o secretário do Planejamento e
Gestão Pública de Ribeirão, Ivo
Colichio, a prefeitura aguardará o parecer do conselho antes
de enviar o projeto à Câmara.
A Folha apurou que a prefeitura não quer criar um novo
desgaste político em torno da
questão. Entre julho e agosto, a
proposta da prefeita Dárcy Vera (DEM) para regularização
de construções enviada à Câmara foi combatida por associações de bairro e o Comur.
Os críticos viam na proposta
brechas que beneficiariam não
só habitações populares e seus
"puxadinhos", mas também interesses de empresários. Pressionado também pela Promotoria, Dárcy retirou o projeto
do Legislativo.
Ontem, membros do Comur
se reuniram com o promotor
da Habitação, Antônio Alberto
Machado, para discutir a nova
proposta de lei da prefeitura. O
presidente da Amor (Associação dos Moradores da Ribeirânia), Ivens Telles Alves, apresentou 227 autuações em obras
irregulares feitas pela prefeitura em 12 meses.
"Para a minha surpresa, 90%
[das autuações] foram no Royal
Park, no Jardim Califórnia
[bairros nobres]. Não é a classe
popular fazendo isso por ignorância", disse Alves.
A nova proposta da prefeitura seria debatida ontem à noite
em reunião do Comur. O promotor também aguarda o parecer para se manifestar.
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