Ribeirão Preto, Domingo, 15 de Março de 2009

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"Região de reciclados" tem mais casos de dengue

Com valor baixo, catador guarda material em casa

BRUNA SANIELE
DA FOLHA RIBEIRÃO

A queda de cerca de 50% no preço de venda dos produtos reciclados é um dos fatores que explicam a alta incidência de dengue no bairro Jardim Aeroporto, em Ribeirão. No local, grande parte dos moradores trabalha com a venda de produtos para reciclagem. O armazenamento sem cuidados provoca o acúmulo de água parada que possibilita a criação de focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
Das quatro maiores cidades da região, Ribeirão é a que registrou o maior número de casos da doença neste ano. São Carlos e Araraquara registraram apenas um caso em 2009. Franca não teve nenhuma vítima da doença neste ano.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Saúde de Ribeirão, a região concentra 60% dos casos da cidade. Em 2009, foram 122, contra 417 de janeiro a março de 2008. Em todo o Estado, foram registradas 282 vítimas da doença nos dois primeiros meses do ano.
"A economia da região fortalece o surgimento da patologia", disse Cristina O'Grady Lima, chefe da divisão de Controle de Vetores. Desde janeiro, a divisão faz campanha na região para reduzir os focos do mosquito, mas em visita ao bairro a Folha constatou excesso de entulhos, pneus, garrafas e latas com acúmulo de água.
A crise internacional influenciou a queda dos preços. O quilo do papel branco passou de R$ 0,58 para R$ 0,35. No caso do alumínio, o valor recuou de R$ 7 para R$ 2, enquanto a garrafa pet baixou de R$ 1,20 para R$ 0,50, desde outubro. "A gente tenta cuidar da nossa casa, mas se o vizinho não cuida não adianta", disse o catador Miguel Custódio da Silva, 68.
Segundo o presidente da Cooperativa de Agentes Ambientais Mãos Dadas, Genésio Kinchin, o quilo de todos os reciclados caiu e alguns catadores estão fazendo estoque até que o preço melhore. "Muitos têm que trabalhar mais horas para compensar." Miguel Oliveira, 67, armazena materiais em casa, mas disse que mantém tudo em sacos para evitar a criação de focos. "Quando dá para juntar, a gente espera um pouco, para ver se o preço melhora."


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