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"Região de reciclados" tem mais casos de dengue
Com valor baixo, catador guarda material em casa
BRUNA SANIELE
DA FOLHA RIBEIRÃO
A queda de cerca de 50% no
preço de venda dos produtos
reciclados é um dos fatores que
explicam a alta incidência de
dengue no bairro Jardim Aeroporto, em Ribeirão. No local,
grande parte dos moradores
trabalha com a venda de produtos para reciclagem. O armazenamento sem cuidados provoca o acúmulo de água parada
que possibilita a criação de focos do mosquito Aedes aegypti,
transmissor da doença.
Das quatro maiores cidades
da região, Ribeirão é a que registrou o maior número de casos da doença neste ano. São
Carlos e Araraquara registraram apenas um caso em 2009.
Franca não teve nenhuma vítima da doença neste ano.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Saúde
de Ribeirão, a região concentra
60% dos casos da cidade. Em
2009, foram 122, contra 417 de
janeiro a março de 2008. Em
todo o Estado, foram registradas 282 vítimas da doença nos
dois primeiros meses do ano.
"A economia da região fortalece o surgimento da patologia", disse Cristina O'Grady Lima, chefe da divisão de Controle de Vetores. Desde janeiro, a
divisão faz campanha na região
para reduzir os focos do mosquito, mas em visita ao bairro a
Folha constatou excesso de entulhos, pneus, garrafas e latas
com acúmulo de água.
A crise internacional influenciou a queda dos preços. O
quilo do papel branco passou
de R$ 0,58 para R$ 0,35. No caso do alumínio, o valor recuou
de R$ 7 para R$ 2, enquanto a
garrafa pet baixou de R$ 1,20
para R$ 0,50, desde outubro. "A
gente tenta cuidar da nossa casa, mas se o vizinho não cuida
não adianta", disse o catador
Miguel Custódio da Silva, 68.
Segundo o presidente da
Cooperativa de Agentes Ambientais Mãos Dadas, Genésio
Kinchin, o quilo de todos os reciclados caiu e alguns catadores
estão fazendo estoque até que o
preço melhore. "Muitos têm
que trabalhar mais horas para
compensar." Miguel Oliveira,
67, armazena materiais em casa, mas disse que mantém tudo
em sacos para evitar a criação
de focos. "Quando dá para juntar, a gente espera um pouco,
para ver se o preço melhora."
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