Ribeirão Preto, Sexta-feira, 15 de Maio de 2009

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Exportação de calçados de Franca cai 38%

Comparação é do primeiro quadrimestre deste ano com o mesmo período de 2008; EUA continuam o maior mercado

Sindifranca aposta em cenário mais otimista para os próximos meses, caso a onda de valorização do real não se confirme


JEAN DE SOUZA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO

Os primeiros quatro meses do ano foram de queda para as exportações de calçados de Franca. Em 2009, foram vendidos 952.674 pares para o exterior, uma queda de 38,4% em comparação ao mesmo período do ano passado, quando foram exportados 1.483.245 pares.
O maior mercado para os calçados francanos continua sendo os EUA, que compraram 369 mil pares este ano, contra 580 mil no ano anterior. Enquanto alguns países praticamente paralisaram as compras de sapatos de Franca, outros aceleraram. Para a Alemanha, por exemplo, o número de pares caiu de 27 mil para meros 384. Já para o Kuwait subiu de 6.148 pares para 15.717.
Uma sucessão de fatores negativos tem afetado a indústria calçadista de Franca ao longo dos últimos dois anos. Antes de sentir os efeitos da crise econômica mundial, o setor já sofria com a valorização do real, que tornou o calçado nacional mais caro no exterior.
Antes de tomar fôlego com a alta do dólar que se iniciou no final do ano passado, porém, os exportadores começaram a perder pedidos com o agravamento da crise econômica mundial. Com isso, viram o crédito para os negócios secar e a demanda diminuir.
"As exportações caíram muito e a tendência é continuarem caindo", afirmou o negociador do departamento de exportação da D"Milton Calçados Talhes Vieira Leal. Segundo ele, o número de compradores no exterior caiu em pelo menos 50%.
O cliente mais problemático, de acordo com Leal, é a Venezuela, considerada até o ano passado como a principal promessa como destino dos calçados francanos. "Agora, a prioridade caiu lá pra baixo."
Essa percepção é compartilhada pelo empresário José Rosa Jacomete, da Anatomic Gel, que diz que os embarques para o vizinho -atualmente o terceiro maior mercado de Franca- podem ser paralisados no segundo semestre.
Para o presidente do Sindifranca (Sindicato das Indústrias de Calçado de Franca), José Carlos Brigagão, o cenário é otimista para os próximos meses -caso a atual onda de valorização do real, iniciada no início do mês passado, não se confirme. Segundo ele, os números de abril, que mostram uma recuperação de 4% nos embarques em relação às exportações de março, indicam que os clientes estão voltando.
Para o economista-chefe da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior, Fernando Ribeiro, setores exportadores de manufatura, como o calçadista, são vítimas tanto de condições conjunturais adversas quanto do recente período recente de crescimento da economia brasileira.
Por um lado, diz, questões como o câmbio, a crise e a concorrência de outros países tornam mais difícil a exportação dos produtos. O avanço da renda e a melhora das condições dos trabalhadores brasileiros nos últimos outros, por outro lado, tornam inevitável que a produção de manufaturados seja dominada por países com baixos salários e custos de produção, como a China.


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