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Bebê vive com a mãe em cela da cadeia de Tambaú
Recém-nascido está há uma semana dormindo em colchão posto no chão
Delegado não encontrou vaga em unidade na capital; ontem, o Estado informou que mãe e filho serão transferidos
JULIANA COISSI
ENVIADA ESPECIAL A TAMBAÚ
Um bebê nascido no último dia 6 em Tambaú está há
uma semana vivendo na cela
da cadeia da cidade junto
com a mãe e outras detentas.
A delegacia alega que não
conseguiu vaga para a detenta Tatiane Janaína Januário,
24, em uma penitenciária
adaptada para receber mulheres com seus bebês. Tatiane foi presa acusada de tráfico e está na cadeia desde novembro -ela descobriu que
estava grávida em janeiro.
Ontem, às 18h, a SAP (Secretaria da Administração
Penitenciária) enviou um e-mail à Folha informando que
foi autorizada a transferência
da presa para uma ala própria na Penitenciária Feminina da capital.
A secretaria informou ainda que a vaga já tinha sido
comunicada à delegacia. Porém, na mesma hora, quando
a Folha deixava a cadeia, o
delegado José Guilherme
Torrens de Camargo ainda
não havia recebido nenhuma
resposta.
Como é comum em outras
cidades da região, a cadeia
feminina de Tambaú está superlotada. Projetada para receber 20 presas, a unidade
abriga 37.
FILA DE ESPERA
Ruan Pablo nasceu na
Santa Casa de Tambaú. Mãe
e filho ficaram internados
por três dias. "Quando tive
alta, minha irmã disse que
poderia cuidar dele, mas eu
quis ficar com ele para amamentá-lo", conta.
Tatiane disse que pensou
que a vaga para ir com o filho
para São Paulo sairia logo,
como ocorreu com outra colega de cela.
Apesar do pedido oficial,
no último dia 12, o delegado
recebeu um comunicado de
que o centro hospitalar do
sistema penitenciário estava
com as cem vagas existentes
já ocupadas e que Tatiane era
a 13ª mãe na fila de espera.
Por causa do bebê, uma
das cinco celas, onde ficam
duas presas que cuidam da
limpeza, recebeu mais um
colchão para abrigar Tatiane
e Ruan Pablo.
A irmã da presa lhe trouxe
roupas e fraldas. A banheira
de plástico para o bebê não
precisou vir de fora: já estava
na própria cadeia. É que, no
começo deste ano, outra presa também ficou por uma semana com o filho na cadeia
esperando vaga até ser transferida para a unidade da capital paulista.
O bebê dorme com Tatiane
em um colchão esticado no
chão. "Quando faz frio, eu
embrulho bem ele no cobertor, junto de mim, para não
ficar gelado. Mas é ruim isso,
cadeia não é lugar de estar
uma criança", disse Tatiane.
O choro do recém-nascido
nos primeiros dias acordava
as colegas de cela, que contam agora já terem se acostumado. Fernanda de Oliveira,
30, detenta que divide o mesmo espaço com Tatiane, também teve a filha na cadeia e
esperou dois dias pela transferência para São Paulo.
De acordo com a Lei de
Execuções Penais, a mulher
que dá à luz estando presa
tem direito de permanecer
junto com o filho por até seis
meses em uma unidade apropriada para que possa amamentá-lo. Depois, o bebê fica
com familiares.
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