Ribeirão Preto, Terça-feira, 15 de Agosto de 2000


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SEGURANÇA PÚBLICA
Corregedoria da Polícia apura suspeita de desvio de verbas para reformas de cadeias e delegacias
Fraude pode atingir 6 cidades da região

Edson Silva/Folha Imagem
Fachada da delegacia de Cravinhos, onde a Corregedoria investiga irregularidades em reforma


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A Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo investiga o superfaturamento de obras e reformas de seis cadeias e delegacias na região de Ribeirão.
Além de Guará e Cajuru, onde o Justiça acatou a denúncia do Ministério Público, em Cravinhos, Taiúva, Nuporanga e Jaborandi, a Corregedoria da Polícia Civil também faz investigações.
As seis cidades estão entre os 118 municípios do Estado suspeitos de terem recebido US$ 100 milhões entre 90 e 91 para reforma e construção que nunca foram feitas. Em todos os casos, a Promotoria suspeita de irregularidades no processo licitatório.
"Só podemos dizer se houve desvio de verba depois de o processo ter sido transitado em julgado", disse o delegado titular da divisão de crimes funcionais da Corregedoria da Polícia Civil, Carlos Eduardo Benito Jorge.
Na delegacia de Taiúva, um prédio começou a ser construído em 91, mas a obra foi abandonada ainda no alicerce. O terreno foi doado pela prefeitura e fica em frente ao cemitério da cidade.
Em 95, o delegado da cidade Carlos Alberto Lopes Martins tentou conseguir uma reforma de emergência para a delegacia pelas péssimas condições do prédio.
Martins teve o pedido negado porque, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública, a nova cadeia estava pronta. "Até hoje estamos esperando a delegacia nova e não temos conhecimento de a quanto anda o processo."
Em Cravinhos, de acordo com o delegado Eduardo José Vendramel, 35, a cadeia local foi desativada em 77 e nunca mais voltou a funcionar.
As celas foram transformadas em salas, e restam apenas duas que não são utilizadas. Segundo a polícia, o prédio da delegacia local, onde também funcionava a cadeia, foi reformado em 92.
Vendramel, no entanto, disse desconhecer o valor da reforma, porque foi feita diretamente pela extinta Deplan (Departamento de Administração da Polícia).
Em Jaborandi, a cadeia também foi desativada e o prédio da delegacia, que funcionavam juntas, nunca foi reformado pelo Estado. Para o delegado da cidade à época, Antonio Alicio Simões Júnior, deve existir irregularidades.
"A empresa que ganhou a licitação de reforma do prédio consertou apenas o telhado e nunca mais voltou", disse.
Segundo Simões Júnior, a única reforma feita na cadeia da cidade foi conseguida com dinheiro da comunidade. "Temos tudo comprovado com fotografias", afirmou o delegado.
Em Nuporanga, o delegado da cidade não foi achado. De acordo com os funcionários da cadeia, o prédio da delegacia foi reformado em 95. Só que, segundo a Promotoria, as verbas liberadas deveriam ser usadas até 94.
A cadeia, porém, que funcionava no mesmo prédio da delegacia, também foi desativada na década de 70 e nunca mais voltou a funcionar por falta de segurança.
O diretor da Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, Rui Estanislau Silveira Mello, afirmou que, se comprovadas as irregularidades, todos os delegados envolvidos nas denúncias podem ser demitidos ou terem a aposentadoria cassada.
A secretaria foi procurada durante todo o dia de ontem, mas não se pronunciou.
A promotora responsável pelo caso em São Paulo, Tatiana Bicudo, deverá fazer hoje à tarde, em São Paulo, uma nova denúncia, que pode envolver novas cidades da região de Ribeirão Preto. (CAROLINA ALVES, ROGÉRIO PAGNAN e RAQUEL LIMA)

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