Ribeirão Preto, Domingo, 15 de Agosto de 2010

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Em casa, pespontadeiros param apenas para comer

DA ENVIADA A FRANCA

A rotina em frente à máquina de costura começa cedo para a pespontadeira Regina Célia Caetano, 47, de Franca. Ela começa a costurar sapatos às 7h, em sua própria casa no bairro Santa Bárbara, e vai até as 11h. Depois do almoço, volta à máquina onde fica das 12h30 às 19h.
Nessa rotina de quase dez horas de trabalho, ela se levanta para descansar umas duas vezes. "Não alongo porque não dá tempo."
Regina diz estar acostumada com dores desde os 12 anos, quando começou a costurar sapatos. Nunca se importou em costurar em um banquinho, sem encosto.
O desgaste pelo trabalho contínuo, porém, dá sinais. "Tenho uma dor aqui na costela que não sara nunca faz uns cinco anos. Tenho dor nos ossos. Minha médica disse que pode ser artrose."
O marido Laerte Silva, 50, também pespontadeiro, não foge à regra. Passou os últimos 25 anos em frente a uma máquina de costura. "Sinto dores nas costas e nas pernas porque fico só em uma posição. E não tenho tempo para dar uma caminhada."
Laerte diz sentir dores nos olhos, por causa da luz forte na máquina. "Força a vista, né? Todo pespontador precisa de óculos, não tem jeito."
O casal não foge à regra dos pespontadeiros que trabalham em casa. A maioria equilibra-se em bancos improvisados e não faz pausas.
Em uma banca vizinha de pesponto, Célio Ferreira da Silva, 28, mais jovem que o casal de pespontadeiros, também reclama de dores.
Ele usa uma cadeia de madeira. "Quando costuro na máquina, sinto dor na lombar. Começo às 6h e fico três horas diretão na máquina, sem beber água." (JC)


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