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Em casa, pespontadeiros param apenas para comer
DA ENVIADA A FRANCA
A rotina em frente à máquina de costura começa cedo para a pespontadeira Regina Célia Caetano, 47, de
Franca. Ela começa a costurar sapatos às 7h, em sua própria casa no bairro Santa Bárbara, e vai até as 11h. Depois
do almoço, volta à máquina
onde fica das 12h30 às 19h.
Nessa rotina de quase dez
horas de trabalho, ela se levanta para descansar umas
duas vezes. "Não alongo porque não dá tempo."
Regina diz estar acostumada com dores desde os 12
anos, quando começou a
costurar sapatos. Nunca se
importou em costurar em um
banquinho, sem encosto.
O desgaste pelo trabalho
contínuo, porém, dá sinais.
"Tenho uma dor aqui na costela que não sara nunca faz
uns cinco anos. Tenho dor
nos ossos. Minha médica disse que pode ser artrose."
O marido Laerte Silva, 50,
também pespontadeiro, não
foge à regra. Passou os últimos 25 anos em frente a uma
máquina de costura. "Sinto
dores nas costas e nas pernas
porque fico só em uma posição. E não tenho tempo para
dar uma caminhada."
Laerte diz sentir dores nos
olhos, por causa da luz forte
na máquina. "Força a vista,
né? Todo pespontador precisa de óculos, não tem jeito."
O casal não foge à regra
dos pespontadeiros que trabalham em casa. A maioria
equilibra-se em bancos improvisados e não faz pausas.
Em uma banca vizinha de
pesponto, Célio Ferreira da
Silva, 28, mais jovem que o
casal de pespontadeiros,
também reclama de dores.
Ele usa uma cadeia de madeira. "Quando costuro na
máquina, sinto dor na lombar. Começo às 6h e fico três
horas diretão na máquina,
sem beber água."
(JC)
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