Ribeirão Preto, Sábado, 15 de Novembro de 2008

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Inadimplência em outubro é a maior do ano

Saldo de inclusões e exclusões de devedores no SCPC de Ribeirão subiu 35,4% em outubro, na comparação com setembro

Comerciantes prevêem queda nas vendas a prazo neste Natal e revêem para baixo previsão de alta nos negócios, que era de 10%

GEORGE ARAVANIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

O número de inadimplentes em Ribeirão cresceu 35,4% em outubro, na comparação com setembro, e alcançou a maior marca do ano. A ACI-RP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto) já prevê queda nas vendas, e cita a crise global como responsável pelo aumento de consumidores com o "nome sujo" na praça.
A inadimplência é medida com base nos dados de inclusões e exclusões de nomes no SCPC (Sistema Central de Proteção ao Crédito).
Em outubro, mais pessoas foram incluídas no sistema (14.829) por falta de pagamento e menos compradores (5.884) acertaram as contas e saíram do SCPC. O saldo de inadimplentes, portanto, foi de 8.945. No mês anterior, essa diferença era de 6.602 -veja quadro nesta página.
Nas inclusões no SCPC, não constam financiamentos de veículos e casas, apenas consumidor com crédito direto do vendedor para o comprador.
Segundo Antonio Vicente Golfeto, diretor do Instituto de Pesquisas Sociais da ACI-RP, os empresários já reduziram as expectativas de vendas para o fim do ano. "A primeira previsão, de setembro, era de um aumento de 8% a 10%. Em outubro, reduzimos para de 6% a 8%, e na semana passada fizemos mais uma previsão mantendo essa meta", disse Golfeto.
A previsão foi feita antes da divulgação do aumento do calote em outubro, mas, segundo Golfeto, não deve ser alterada.
Os comerciantes concordam que a tendência é de queda.
"Uns 70% das nossas vendas são feitas a prazo. Agora, com mais gente com nome sujo, deve cair a venda a prazo", disse o gerente da loja de calçados Coliseé, Adilson de Bortoli.
Segundo o diretor da ACI, há mais endividados hoje porque muita gente usava o crédito para quitar parcelamentos. "Como há menos crédito na praça, eles se endividaram", disse.
"As pessoas fazem dívidas por um período muito longo.
Cabe no bolso, parcelam", disse o economista Marcelo Bosi Rodrigues, do Sincovarp (Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto).
O vendedor Nilson Elias de Barros Neto, 23, engrossou as estatísticas em outubro ao atrasar o pagamento em duas lojas.
Ontem, limpou o nome.
Já o atendente Dejair da Silva, 44, disse que ainda não sabe quando deixará de ser inadimplente. Há dois anos, fez um empréstimo de R$ 4.000 no banco. Só conseguiu pagar uma parte. "Depois que pagar, nunca mais entro em empréstimo.
É muito difícil sair." Nilson Barros Neto e a mulher, Damiana da Silva, 24, já decidiram que as compras do carrinho e do berço do bebê, que deve nascer perto do Natal, serão à vista. "Vai ficar apertado, mas vamos comprar à vista, é mais seguro", disse Damiana.


Colaborou JULIANA COISSI


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