|
Próximo Texto | Índice
Inadimplência em outubro é a maior do ano
Saldo de inclusões e exclusões de devedores no SCPC de Ribeirão subiu 35,4% em outubro, na comparação com setembro
Comerciantes prevêem queda nas vendas a prazo neste Natal e revêem para baixo previsão de alta nos negócios, que era de 10%
GEORGE ARAVANIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
O número de inadimplentes
em Ribeirão cresceu 35,4% em
outubro, na comparação com
setembro, e alcançou a maior
marca do ano. A ACI-RP (Associação Comercial e Industrial
de Ribeirão Preto) já prevê queda nas vendas, e cita a crise global como responsável pelo aumento de consumidores com o
"nome sujo" na praça.
A inadimplência é medida
com base nos dados de inclusões e exclusões de nomes no
SCPC (Sistema Central de Proteção ao Crédito).
Em outubro, mais pessoas foram incluídas no sistema
(14.829) por falta de pagamento e menos compradores
(5.884) acertaram as contas e
saíram do SCPC. O saldo de
inadimplentes, portanto, foi de
8.945. No mês anterior, essa diferença era de 6.602 -veja quadro nesta página.
Nas inclusões no SCPC, não
constam financiamentos de
veículos e casas, apenas consumidor com crédito direto do
vendedor para o comprador.
Segundo Antonio Vicente
Golfeto, diretor do Instituto de
Pesquisas Sociais da ACI-RP,
os empresários já reduziram as
expectativas de vendas para o
fim do ano. "A primeira previsão, de setembro, era de um aumento de 8% a 10%. Em outubro, reduzimos para de 6% a
8%, e na semana passada fizemos mais uma previsão mantendo essa meta", disse Golfeto.
A previsão foi feita antes da divulgação do aumento do calote
em outubro, mas, segundo Golfeto, não deve ser alterada.
Os comerciantes concordam
que a tendência é de queda.
"Uns 70% das nossas vendas
são feitas a prazo. Agora, com
mais gente com nome sujo, deve cair a venda a prazo", disse o
gerente da loja de calçados Coliseé, Adilson de Bortoli.
Segundo o diretor da ACI, há
mais endividados hoje porque
muita gente usava o crédito para quitar parcelamentos. "Como há menos crédito na praça,
eles se endividaram", disse.
"As pessoas fazem dívidas
por um período muito longo.
Cabe no bolso, parcelam", disse
o economista Marcelo Bosi Rodrigues, do Sincovarp (Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto).
O vendedor Nilson Elias de
Barros Neto, 23, engrossou as
estatísticas em outubro ao atrasar o pagamento em duas lojas.
Ontem, limpou o nome.
Já o atendente Dejair da Silva, 44, disse que ainda não sabe
quando deixará de ser inadimplente. Há dois anos, fez um
empréstimo de R$ 4.000 no
banco. Só conseguiu pagar uma
parte. "Depois que pagar, nunca mais entro em empréstimo.
É muito difícil sair."
Nilson Barros Neto e a mulher, Damiana da Silva, 24, já
decidiram que as compras do
carrinho e do berço do bebê,
que deve nascer perto do Natal,
serão à vista. "Vai ficar apertado, mas vamos comprar à vista,
é mais seguro", disse Damiana.
Colaborou JULIANA COISSI
Próximo Texto: Vendas nas lojas registram desaceleração em outubro Índice
|