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Médicos prometem triar pacientes em postos de saúde
Caso que não for de urgência será "devolvido" para casa, diz dirigente de sindicato
Médicos farão entre hoje e amanhã paralisação por melhores condições; entre os pedidos está um aumento de R$ 4.000
VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO
Médicos da rede pública municipal de Ribeirão Preto prometem triar pacientes na porta
de entrada de todos os postos
da rede pública municipal entre hoje e amanhã por causa da
paralisação a ser feita pela categoria, que pede melhores condições de trabalho.
Os profissionais, que reclamam do valor do salário-base
(R$ 2.390), entre outros pontos, afirmam que todos os pacientes que não precisarem ser
atendidos em regime de urgência ou emergência serão "devolvidos" para casa.
"Ninguém vai deixar de ser
atendido. Todos terão sua presença nos postos registrada.
Mas quem não precisar de
atendimento de urgência será
orientado a voltar num outro
dia", afirmou Laerte Lourenço
Lellis, clínico da prefeitura e dirigente do Simesp (Sindicato
dos Médicos do Estado de São
Paulo) em Ribeirão.
A paralisação foi decidida em
assembleia na última quarta-feira. Os médicos reivindicam
R$ 4.000 a mais de salário e o
fim imediato da isonomia, ou
seja, que a prefeitura não pague
o salário-base dos servidores de
acordo com o nível de escolaridade dos profissionais, mas
conforme a classe.
Por causa da isonomia, profissionais com atuações diferentes, como engenheiros, dentistas, médicos e enfermeiros,
têm o mesmo salário-base por
terem nível universitário.
O secretário interino da Saúde, Stenio Correia Miranda,
que fica no cargo pelo menos
até hoje, convocou uma reunião com todos os gerentes de
unidades na última sexta-feira.
Na avaliação dele, os médicos
estão se arriscando ao organizar uma paralisação, especialmente num momento em que
os atendimentos aumentaram
em razão da epidemia de dengue, que já atingiu 16.710 pessoas neste ano.
O secretário também disse
que, em caso de recusa de atendimento, médicos poderão ser
responsabilizados individualmente pela prefeitura. "Nenhuma unidade de saúde vai recusar pacientes, e os gerentes não
podem ser responsabilizados
caso isso aconteça", disse.
Ele não informou como vai
ser o esquema de reagendamento das consultas que não
forem realizadas entre hoje e
amanhã. O promotor da Cidadania, Sebastião Sérgio da Silveira, tem discurso semelhante. Segundo ele, os médicos não
podem ser tratados como uma
categoria separada dos servidores municipais. "São uma classe, não uma categoria."
De acordo com Silveira, os
profissionais que se recusarem
a atender um paciente, dependendo da situação, poderão responder até a ação criminal.
O movimento de pacientes
nas unidades da rede pública
municipal é variável. Em locais
que atendem 24 horas por dia,
como a UBDS (Unidade Básica
Distrital de Saúde) Central, a
mais movimentada, o total de
atendimentos pode chegar a
mil num único dia em épocas
de epidemia, como a atual.
Por causa disso, funcionários
estão apreensivos. Uma enfermeira e uma auxiliar ouvidas
pela Folha na UBDS Central
afirmaram que são duas as
preocupações.
A primeira é o risco de mais
agressões nos postos por causa
do acúmulo de atendimentos.
A segunda é que parte dos médicos não apoiou a greve de
dois dias organizada pelo Sindicato dos Servidores Municipais em abril. Agora, parte dos
funcionários afirma que não
pretende apoiar a paralisação
dos médicos.
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