Ribeirão Preto, Segunda-feira, 17 de Maio de 2010

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Médicos prometem triar pacientes em postos de saúde

Caso que não for de urgência será "devolvido" para casa, diz dirigente de sindicato

Médicos farão entre hoje e amanhã paralisação por melhores condições; entre os pedidos está um aumento de R$ 4.000

VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Médicos da rede pública municipal de Ribeirão Preto prometem triar pacientes na porta de entrada de todos os postos da rede pública municipal entre hoje e amanhã por causa da paralisação a ser feita pela categoria, que pede melhores condições de trabalho.
Os profissionais, que reclamam do valor do salário-base (R$ 2.390), entre outros pontos, afirmam que todos os pacientes que não precisarem ser atendidos em regime de urgência ou emergência serão "devolvidos" para casa.
"Ninguém vai deixar de ser atendido. Todos terão sua presença nos postos registrada. Mas quem não precisar de atendimento de urgência será orientado a voltar num outro dia", afirmou Laerte Lourenço Lellis, clínico da prefeitura e dirigente do Simesp (Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo) em Ribeirão.
A paralisação foi decidida em assembleia na última quarta-feira. Os médicos reivindicam R$ 4.000 a mais de salário e o fim imediato da isonomia, ou seja, que a prefeitura não pague o salário-base dos servidores de acordo com o nível de escolaridade dos profissionais, mas conforme a classe.
Por causa da isonomia, profissionais com atuações diferentes, como engenheiros, dentistas, médicos e enfermeiros, têm o mesmo salário-base por terem nível universitário.
O secretário interino da Saúde, Stenio Correia Miranda, que fica no cargo pelo menos até hoje, convocou uma reunião com todos os gerentes de unidades na última sexta-feira. Na avaliação dele, os médicos estão se arriscando ao organizar uma paralisação, especialmente num momento em que os atendimentos aumentaram em razão da epidemia de dengue, que já atingiu 16.710 pessoas neste ano.
O secretário também disse que, em caso de recusa de atendimento, médicos poderão ser responsabilizados individualmente pela prefeitura. "Nenhuma unidade de saúde vai recusar pacientes, e os gerentes não podem ser responsabilizados caso isso aconteça", disse.
Ele não informou como vai ser o esquema de reagendamento das consultas que não forem realizadas entre hoje e amanhã. O promotor da Cidadania, Sebastião Sérgio da Silveira, tem discurso semelhante. Segundo ele, os médicos não podem ser tratados como uma categoria separada dos servidores municipais. "São uma classe, não uma categoria."
De acordo com Silveira, os profissionais que se recusarem a atender um paciente, dependendo da situação, poderão responder até a ação criminal.
O movimento de pacientes nas unidades da rede pública municipal é variável. Em locais que atendem 24 horas por dia, como a UBDS (Unidade Básica Distrital de Saúde) Central, a mais movimentada, o total de atendimentos pode chegar a mil num único dia em épocas de epidemia, como a atual.
Por causa disso, funcionários estão apreensivos. Uma enfermeira e uma auxiliar ouvidas pela Folha na UBDS Central afirmaram que são duas as preocupações.
A primeira é o risco de mais agressões nos postos por causa do acúmulo de atendimentos. A segunda é que parte dos médicos não apoiou a greve de dois dias organizada pelo Sindicato dos Servidores Municipais em abril. Agora, parte dos funcionários afirma que não pretende apoiar a paralisação dos médicos.


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