Ribeirão Preto, Sábado, 17 de julho de 1999

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CRISE
Alteração no horário das repartições em Ribeirão Preto mantém servidor ocioso e prejudica 300 por dia
Reforma só afeta o atendimento

ANGELO SASTRE
free-lance para a Folha Ribeirão
ALESSANDRO BRAGHETO
da Folha Ribeirão

A reformulação no horário de funcionamento das repartições públicas de Ribeirão, promovida pelo prefeito Luiz Roberto Jábali (PSDB), está prejudicando pelo menos 300 pessoas por dia e mantendo funcionários ociosos.
Desde o dia 1º, o atendimento ao público passou a ser feito das 12h às 18h em oito repartições municipais, incluindo o Daerp (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto), a Fiscalização Geral e a Secretaria da Fazenda. Antes, elas atendiam das 8h às 18h, com duas horas para o almoço, quando a repartição fecha.
A mudança ocorreu após a redução da jornada e dos salários dos servidores, determinada pelo prefeito. A medida, no entanto, foi suspensa pelo TJ (Tribunal de Justiça) na terça-feira e o prefeito, que passou a pagar o salário integral dos servidores, manteve o horário de atendimento reduzido.
Segundo o Sindicato dos Servidores Municipais, que calculou o número de contribuintes prejudicados, cerca de mil funcionários trabalham nesses locais -a prefeitura tem 8.400 ao todo.
Ontem pela manhã, a Folha visitou cinco repartições que prestam atendimento público.
Na Secretaria da Fazenda, em um prazo de 10 minutos, oito pessoas que estiveram no local fora do novo horário não foram atendidas.
Funcionários das repartições, que pediram para não ser identificados, afirmaram que, das 8h às 10h, enquanto o atendimento ainda não começou, a maior parte do pessoal fica sem trabalhar.
"Falta computador. Com isso, não dá para todo mundo trabalhar ao mesmo tempo e sempre fica alguém ocioso", disse Alberto (nome fictício). Segundo ele, no horário antigo, era feito um revezamento entre os servidores.
O contador Aparecido Ricardo Ramos, 33, afirmou que está há dez dias procurando a Secretaria da Fazenda para regularizar a documentação de um posto de gasolina e um depósito de alimentos.
"Meu cliente investiu R$ 1 milhão para montar o posto e não pode trabalhar", disse ele.
O prefeito afirmou ontem que a mudança no horário não está afetando o atendimento à população. "Esse horário é suficiente para atender todo mundo", disse. Segundo ele, se há funcionários ociosos, isso seria mais um motivo para a redução de jornada.



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