Ribeirão Preto, Sábado, 17 de julho de 1999

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CRISE
Funcionários de Sertãozinho fizeram paralisação de duas horas; interventor deve ser nomeado por governador
Servidores param contra intervenção

Lucio Piton/Folha Imagem
Servidores municipais fazem oração em frente à prefeitura durante manifestação ocorrida ontem pela manhã


ALESSANDRO BRAGHETO
enviado especial a Sertãozinho

O servidores municipais de Sertãozinho pararam por duas horas ontem de manhã em protesto contra a possibilidade de uma intervenção na cidade devido ao não pagamento de precatórios (dívidas judiciais).
Eles realizaram uma espécie de vigília em frente ao prédio da prefeitura das 8h às 10h, em uma manifestação que reuniu pelo menos 300 pessoas, incluindo secretários, chefes de departamento e professores.
O governo do Estado prometeu que iria nomear um interventor para tomar o lugar da prefeita Maria Neli Mussa Tonielo (sem partido), caso a cidade não pagasse a dívida judicial.
A prefeitura afirmou que existem cerca de R$ 9 milhões em precatórios para serem pagos e disse não ter dinheiro para o pagamento seguindo as condições impostas pelo TJ (Tribunal de Justiça).
Segundo a Casa Civil, que está cuidando do caso, o prazo dado pelo governador Mário Covas (PSDB) para o pagamento da dívida terminaria ontem, mas o nome do interventor ainda não havia sido definido.
A definição não ocorreu, segundo a assessoria, porque o Estado decretou ponto facultativo após as 11h devido à morte do ex-governador Franco Montoro.
A prefeita, que esteve desde o início da semana em São Paulo, não participou da manifestação.
O procurador jurídico de Sertãozinho, Heraldo Luiz Dalmazo, uma das pessoas a discursar durante a manifestação, afirmou que a prefeitura recebeu no início da semana um comunicado oficial do governador Covas sobre a possibilidade de intervenção.
"Apenas um precatório está sendo cobrado pelo Estado, referente à editora Som Verde, que foi definido em 96, valendo cerca de R$ 2 milhões. Já solicitamos ao TJ uma revisão da quantia", disse Dalmazo.
O advogado da empresa, Said Issa Hallah, afirmou que a prefeitura contraiu a dívida com a empresa em 88, após organizar a feira agrícola Sucroálcool. "Estamos aguardando o dinheiro da prefeitura desde 96", disse.
Para o secretário da Educação, Francisco Jorge Mussa, o pedido de intervenção é uma "aberração".
"O próprio funcionário da prefeitura será punido, com a possibilidade inclusive de demissão, caso venha um interventor", disse o secretário.
Os funcionários da prefeitura demonstraram temor quanto à presença de um interventor na cidade e aguardam uma solução.
"Nós não merecemos. É preciso bom senso do governo do Estado em entender o nosso caso", disse Laércio Dias de Souza, 56, funcionário público.



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