Ribeirão Preto, Sábado, 19 de junho de 1999

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Migrantes procuram trabalho na cidade

da Folha Ribeirão

A busca pelo emprego é o maior responsável pela vinda dos "forasteiros" para Ribeirão Preto. Das cerca de 11 mil pessoas atendidas no ano passado pela Cetrem (Central de Triagem e Encaminhamento ao Migrante), 72,5% vieram para a cidade procurando emprego.
A pesquisa inédita da Secretaria da Cidadania e do Desenvolvimento, feita a partir de entrevistas, mostra que o segundo motivo foi a localização de parentes (9,26%), o que também pode significar que estariam à procura de trabalho no município.
O estudo demonstrou ainda que 63,7% dos migrantes eram de São Paulo mesmo, principalmente das cidades que circundam Ribeirão Preto e da capital.
Nesta semana, a Folha entrevistou várias pessoas no Quarteirão Paulista, no centro de Ribeirão Preto, e encontrou coreanos, mineiros e cariocas, por exemplo.
A baiana Isaurinda Matos dos Santos, 21, trocou o sertão para trabalhar como empregada doméstica no Estado de São Paulo. "A gente vai trabalhando aqui, ganhando e levando a vida", afirmou.
A escolha da cidade, segundo ela, foi inspirada no exemplo de outros parentes que fizeram o mesmo e conseguiram arrumar emprego.
O tabelião Francisco Macedo Netto, 60, nascido em Jeriquara, chegou a Ribeirão há 21 anos para montar o 5º Cartório de Notas.
"Isso aqui é uma capital em miniatura. Tem de tudo, de escola a saúde", disse o tabelião.

Simpatia
Além da expectativa de arrumar emprego, há outros motivos que contribuem com o aumento da população, como a simpatia pela cidade e a rede de escolas.
A atendente Natalice Peixoto Oliveira Soares, 24, carioca, mudava de cidade com frequência por causa da profissão do pai, que era caminhoneiro.
"Até cheguei a voltar para o Rio, mais tarde, mas não me acostumei e voltei", disse ela.
Apesar do clima quente, principal reclamação dos entrevistados, a cidade foi considerada mais "tranquila" se comparada com as capitais São Paulo e Rio.
Esse foi o motivo que levou a comerciante Angela Kim, 40, coreana, a trocar São Paulo por Ribeirão Preto. "Aqui é menos violento", afirmou ela.
Contudo a "calma" descrita por eles tem mudado nos últimos anos. No ano passado, a cidade bateu recorde em mortes violentas (vítimas de assassinatos e latrocínios) e de apreensão de crack (derivado da cocaína).
O assessor financeiro Leonildo Balsalobre Lopes, 58, aposentou-se em um banco no Distrito Federal e escolheu Ribeirão por causa do número de universidades -há cinco e até o final do ano será inaugurada mais uma.
Juntas, as cinco instituições -USP (Universidade de São Paulo), Unip (Universidade Moura Lacerda), Moura Lacerda, Barão de Mauá e Unaerp (Universidade de Ribeirão Preto)- abrigam cerca de 23 mil estudantes.
Esse número pode aumentar por causa da criação de outros cursos. (ALESSANDRO SILVA)



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