Ribeirão Preto, Sábado, 19 de junho de 1999

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PARTICULAR 1
Histórias descrevem roubos

"Era noite. Mais ou menos 21h. Eu, minhas irmãs e amigas estávamos sentadas em frente de casa e ouvimos alguns barulhos parecidos com bombas.
Pensamos que eram bombas porque nesse dia houve um jogo de futebol e poderiam estar comemorando a vitória do time deles. Percebemos que o barulho vinha da esquina de baixo e, de repente, vimos dois garotos que aparentavam ter uns 16 anos correndo para minha rua.
Eles estavam armados e um estava ferido. Ficamos imóveis e, quando foram embora, fomos ver o que tinha acontecido.
Havia um homem caído no chão e o resgate logo foi buscá-lo. Perguntamos e nos disseram que o homem estaria andando de bicicleta e os assaltantes queriam levar a bicicleta dele. Ele não deu e eles lhe deram um tiro na perna.
Depois, minha mãe nos colocou para dentro de casa e eu não soube de mais nada sobre o que aconteceu." (Redação escrita por Sylvia Lucyola Pezzuto, 11)

"Um sinal vermelho aparece.
Os carros param e de lá de trás vêm as crianças correndo, maltratadas por outras maiores. Estão sujas de terra e despenteadas, uns dormindo na grama e outros atrás de carros.
O povo tem medo deles porque as crianças ficam olhando para dentro dos carros para saber se tem algo para eles.
As pessoas vão para a igreja e meninos ficam esperando os carros aparecerem, do lado de fora, para poder vigiar e receber R$ 1 ou R$ 2.
Outras crianças não têm nada para comer. Elas crescem, com dinheiro compram drogas e armas, assaltam lojas, bancos, matam pessoas e se escondem.
A polícia não consegue pegar todos, os que pega são presos." (Redação escrita por Thaís Manfrin Peternelli, 11)

"Em 1996, quando estava na segunda série, às 17h30, minha mãe foi me buscar. Eu pedi a ela churros, mas ela não tinha dinheiro.
No caminho comecei a xingá-la, então, ela virou a esquina e eu atravessei a rua e fui reto.
Em frente ao Shopping Santa Úrsula, que na época era o Colégio Santa Úrsula, uma gangue de adolescentes pediu o meu relógio, se não enfiariam uma faca na minha barriga. Eu arrebentei a pulseira do relógio e ele caiu no chão. Os garotos o pegaram e saíram correndo.
Quando cheguei em casa, pedi desculpas à minha mãe e, de noite, às 19h, fui na missa e pedi perdão a Deus e aproveitei para pedir que ele acabasse com a violência, não só em Ribeirão, mas em todo o país.
Depois de tudo isso, comecei a aproveitar mais a minha mãe, porque mãe só tem uma na vida." (Redação escrita por Lucas de Oliveira Andrade, 11)



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