Ribeirão Preto, Sábado, 19 de junho de 1999 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice PARTICULAR 1 Histórias descrevem roubos
"Era noite. Mais ou menos 21h.
Eu, minhas irmãs e amigas estávamos sentadas em frente de casa e ouvimos alguns barulhos
parecidos com bombas.
Os carros param e de lá de trás vêm as crianças correndo, maltratadas por outras maiores. Estão sujas de terra e despenteadas, uns dormindo na grama e outros atrás de carros. O povo tem medo deles porque as crianças ficam olhando para dentro dos carros para saber se tem algo para eles. As pessoas vão para a igreja e meninos ficam esperando os carros aparecerem, do lado de fora, para poder vigiar e receber R$ 1 ou R$ 2. Outras crianças não têm nada para comer. Elas crescem, com dinheiro compram drogas e armas, assaltam lojas, bancos, matam pessoas e se escondem. A polícia não consegue pegar todos, os que pega são presos." (Redação escrita por Thaís Manfrin Peternelli, 11) No caminho comecei a xingá-la, então, ela virou a esquina e eu atravessei a rua e fui reto. Em frente ao Shopping Santa Úrsula, que na época era o Colégio Santa Úrsula, uma gangue de adolescentes pediu o meu relógio, se não enfiariam uma faca na minha barriga. Eu arrebentei a pulseira do relógio e ele caiu no chão. Os garotos o pegaram e saíram correndo. Quando cheguei em casa, pedi desculpas à minha mãe e, de noite, às 19h, fui na missa e pedi perdão a Deus e aproveitei para pedir que ele acabasse com a violência, não só em Ribeirão, mas em todo o país. Depois de tudo isso, comecei a aproveitar mais a minha mãe, porque mãe só tem uma na vida." (Redação escrita por Lucas de Oliveira Andrade, 11) Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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