Ribeirão Preto, Sexta-feira, 20 de Outubro de 2000

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SOB SUSPEITA
Inquérito apura desvio de dinheiro de faculdade de Barretos e se há participação de funcionários da UFSCar
Polícia apura elo do MEC com diploma falso

EVANDRO SPINELLI
ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO

A Polícia Civil está apurando a relação de um suposto desvio de dinheiro da Associação Cultural e Educacional de Barretos com a falsificação de diplomas de curso superior. Há suspeita de envolvimento no esquema criado em Barretos de funcionários da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e do MEC (Ministério da Educação e da Cultura).
De acordo com o delegado do 1º DP Antônio Alício Simões Júnior, o dinheiro era desviado para quatro contas bancárias de empresas particulares mantidas por diretores da associação.
Ele disse que o desvio era feito por João Carlos Soares de Oliveira Júnior, diretor da associação, que morreu em 1998. O inquérito policial foi aberto no ano passado.
Tanto o MEC quanto a UFSCar negam qualquer envolvimento com o caso.
No inquérito consta cópia de parte da movimentação de uma das contas. Na documentação, conforme a polícia, aparecem pagamentos a uma supervisora do MEC de São José do Rio Preto e ao reitor da Universidade São Marcos, de São Paulo, Paulo Nathanael Pereira de Souza.
César Gontijo (PSDB), candidato derrotado à Prefeitura de Barretos, também recebeu valores dessa conta, conforme a polícia. Os pagamentos chegavam a R$ 5.000 por mês para cada um.
Na relação constam presentes que seriam destinados a funcionários do MEC e da UFSCar -instituição responsável pelo registro dos diplomas. As gratificações, segundo a polícia, indicam uma forma de "pagamento".
De acordo com o delegado, os pagamentos podem ter envolvimento com a falsificação de diplomas, que é um outro inquérito que está sob responsabilidade da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), também de Barretos.
A UFSCar, segundo a assessoria, registrava os diplomas dos cursos mantidos pela associação em Barretos por força de lei, o que foi suspenso assim que surgiram as denúncias, em 99.
O promotor José Ademir Campos Borges, responsável pelo inquérito que apura o desvio de dinheiro, afirma que existe envolvimento de pessoas do MEC nas irregularidades cometidas pela associação, mas não quis citar nomes. De acordo com ele, o MEC e a Polícia Federal já foram informados sobre as investigações.
O delegado disse que não sabe quanto teria sido desviado. "Era muito dinheiro, não dá nem para avaliar", disse Simões Júnior.
A Folha não obteve contato com Gontijo e com Souza ontem.
O presidente da associação, Milton Diniz Soares de Oliveira, disse que assumiu a faculdade em 98 e que todas as denúncias que surgiram envolvendo o nome da escola estão sendo investigadas.
Oliveira informou que não pode comentar se houve ou não desvio de fundos da escola, porque isso envolve outros processos.
A Polícia Civil de Barretos também investiga uma quadrilha interestadual de falsificação de diplomas universitários, que envolvem três pessoas da cidade.


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