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Efetivação no trabalho é sonho para uns bóias-frias e pesadelo para outros
DO ENVIADO ESPECIAL A DOBRADA
Safrista temporário ou empregado rural permanente?
Os cortadores de cana da região
se dividem quanto à proposta
de "efetivação" que pode
virar uma realidade no setor
sucroalcooleiro.
Migrantes que vêm sozinhos
para a região deixando em suas
cidades, geralmente do Nordeste, mulheres e filhos consideram a medida ruim. Já os trabalhadores da região ou que se
mudaram definitivamente para cá em busca de trabalho no
meio rural consideram que a
mudança seria a realização de
um sonho. Sete bóias-frias vindos de Anajatuba, no interior
do Maranhão, e que moram em
uma casa no centro de Dobrada, cidade de 8.000 habitantes,
não querem sequer pensar em
ficar em definitivo na região.
"Se só tiver a opção de ficar
como efetivo, prefiro voltar a
trabalhar na roça, o que eu fazia
lá no Maranhão. Pra quem é de
longe, a melhor coisa é voltar
pra casa, ficar uns três ou quatro meses, dar entrada no seguro-desemprego e depois voltar
no ano seguinte", disse Raimundo Sampaio, 38, que deixou a mulher e uma filha a sua
espera no Maranhão.
A opinião é compartilhada
pelos seus companheiros de
moradia, Jocimar Licar, 26, e
José Carlos Martins, 23. Eles
chegaram em janeiro, para o
plantio e esperam voltar para
casa no início de dezembro.
Pensamento contrário tem
Domingos Vicente da Silva, 30,
que veio de Arapiraca (AL) com
a mulher, Valdice, e os dois filhos, Cauã e Natanael. Nem
mesmo o "acerto", dinheiro recebido pela rescisão de contrato ao fim da safra, o seduz.
"Seria a realização de um sonho poder ter um Natal sossegado, sem ter que procurar emprego no outro ano. Eu e minha
mulher [que também trabalha
no canavial] pensamos assim".
A certeza de que vai receber o
dinheiro da rescisão, que varia
de acordo com a produtividade
do trabalhador, mas gira em
torno de R$ 2 mil, é a razão do
esforço de alguns trabalhadores. Ednalva Inácio, 20, que
mora com o marido em Dobrada e trabalha na usina Bonfim,
prefere se manter como safrista devido ao "acerto".
"Prefiro do jeito que está,
mesmo já morando por aqui. O
dinheiro do acerto é essencial
para nossa casa", afirmou a moça, que mora com o marido.
Existem ainda quem busque
um conselho com os que já são
efetivos: "Muitos já vieram me
perguntar sobre a vida de efetivo. Eu digo que prefiro ela, pois
sei que tenho meu emprego e,
se não fizer nada de errado, ele
vai estar lá", disse Cláudio Joaquim da Rocha, 52, natural de
Pernambuco e contratado há
cinco anos para o serviço de
limpeza do campo na fazenda
Palmares, em Guariba.
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