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Foco
Moradora de 71 anos não consegue dormir e pensa em vender o apartamento
Silva Junior/Folha Imagem
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Catarina Matos na sacada de seu apartamento, na avenida Portugal; ao fundo, vista dos bares Terra Chopp e Zaragoza
DA FOLHA RIBEIRÃO
Basta sair na sacada de seu
apartamento, na avenida Portugal, para a pensionista Catarina Mafili de Matos, 78, descobrir a origem de suas dores
de cabeça e a razão de não dormir à noite. Ela mora em frente e ao lado de três bares que
sofrem investigação do Ministério Público por denúncia
dos moradores sobre excesso
de barulho.
Logo a sua frente, do outro
lado da rua, fica o bar Zaragoza. À sua esquerda, está o Terra Chopp e à esquerda, o Ribeirão Caipira.
O "inferno", como ela define o excesso de ruído, começa
às 17h30 e só termina à 1h da
manhã. "O barulho é demais.
A gente tranca tudo, todas as
janelas, mas o som invade. Eu
não consigo dormir, não
aguento mais", diz a pensionista, com lágrimas que começam a saltar dos olhos.
Ela conta que a ex-moradora, antiga síndica, já liderou
abaixo-assinados e reclamações pelo barulho, mas como
não resolveu, decidiu sair do
apartamento. "Eu também
quero me mudar."
O incômodo foi parar na
Justiça no caso do casal Arnaldo Orlandin, 80, e Aparecida, 71. Eles moram há 36 anos
na casa, junto com a mãe de
Arnaldo, Catarina, que tem
cem anos. Há um ano e meio, a
família entrou com processo
contra o excesso de ruído.
"Todos os bares aqui fazem
ruídos. Se não é a música, são
os carros de som que param
aqui em frente ou os garçons
no fim da noite batendo as
mesas e cadeiras", disse a filha
do casal, Arlete Orlandin, 50.
Ela conta que já participou
de audiências na Promotoria,
mas o problema persiste.
"Meus pais estão doentes e só
dormem com remédios."
Vizinha do Jordiano, uma
mulher que não quis se identificar também move processo
contra o bar. "Se quero ver algum filme na sala à noite, só se
for legendado, porque não escuto nada."
Ela conta que, no fim do ano
passado, sua vizinha tentou
receber em casa a filha grávida, recém-chegada de Nova
York. "Ela não conseguiu dormir. Construi essa casa há 40
anos. Por que tenho que sair?
Acho que não seria justo."
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