Ribeirão Preto, Quarta-feira, 21 de Janeiro de 2009

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Foco

Moradora de 71 anos não consegue dormir e pensa em vender o apartamento

Silva Junior/Folha Imagem
Catarina Matos na sacada de seu apartamento, na avenida Portugal; ao fundo, vista dos bares Terra Chopp e Zaragoza

DA FOLHA RIBEIRÃO

Basta sair na sacada de seu apartamento, na avenida Portugal, para a pensionista Catarina Mafili de Matos, 78, descobrir a origem de suas dores de cabeça e a razão de não dormir à noite. Ela mora em frente e ao lado de três bares que sofrem investigação do Ministério Público por denúncia dos moradores sobre excesso de barulho.
Logo a sua frente, do outro lado da rua, fica o bar Zaragoza. À sua esquerda, está o Terra Chopp e à esquerda, o Ribeirão Caipira.
O "inferno", como ela define o excesso de ruído, começa às 17h30 e só termina à 1h da manhã. "O barulho é demais. A gente tranca tudo, todas as janelas, mas o som invade. Eu não consigo dormir, não aguento mais", diz a pensionista, com lágrimas que começam a saltar dos olhos.
Ela conta que a ex-moradora, antiga síndica, já liderou abaixo-assinados e reclamações pelo barulho, mas como não resolveu, decidiu sair do apartamento. "Eu também quero me mudar."
O incômodo foi parar na Justiça no caso do casal Arnaldo Orlandin, 80, e Aparecida, 71. Eles moram há 36 anos na casa, junto com a mãe de Arnaldo, Catarina, que tem cem anos. Há um ano e meio, a família entrou com processo contra o excesso de ruído. "Todos os bares aqui fazem ruídos. Se não é a música, são os carros de som que param aqui em frente ou os garçons no fim da noite batendo as mesas e cadeiras", disse a filha do casal, Arlete Orlandin, 50.
Ela conta que já participou de audiências na Promotoria, mas o problema persiste. "Meus pais estão doentes e só dormem com remédios."
Vizinha do Jordiano, uma mulher que não quis se identificar também move processo contra o bar. "Se quero ver algum filme na sala à noite, só se for legendado, porque não escuto nada."
Ela conta que, no fim do ano passado, sua vizinha tentou receber em casa a filha grávida, recém-chegada de Nova York. "Ela não conseguiu dormir. Construi essa casa há 40 anos. Por que tenho que sair? Acho que não seria justo."


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