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Após prisão, agenciador desiste de bingo
DA FOLHA RIBEIRÃO
Raul (nome fictício) ainda
mantém em seu celular mais de
50 contatos de apostadores que
frequentavam o bingo clandestino em que ele trabalhava em
Ribeirão até começo deste mês.
A vida na ilegalidade veio junto
com a proibição das casas de jogos, em 2008, quando Raul passou de apostador a agenciador.
Sua função na casa de jogos
era ligar para pessoas conhecidas nos meios da aposta e convidá-las para o jogo. Em uma
única noite, ele viu cliente
apostar -e perder -R$ 10 mil.
A profissão de risco ia bem
até Raul ser preso no último dia
2 na Operação Cassino da PF
(Polícia Federal) e passar cinco
dias no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Serra Azul.
"Eu posso catar latinha na rua,
mas para bingo eu não volto",
sentenciou.
A certeza de que nunca mais
será agenciador de clientes, diz
ele, vem do constrangimento
de ter sido levado preso. Sobre
a função, ele não demonstra remorso, embora admita que parte dos convidados seja apostador compulsivo. "Ninguém
obriga a ir, vai quem quer. A
gente liga e fala "estamos abertos, temos equipamentos, venha conhecer, tomar um café".
Aí, a pessoa vai."
Além de Raul, a PF prendeu
outros 13 homens, incluindo
um advogado, e uma mulher.
Todos foram indiciados por
contrabando -as máquinas
têm componentes importados
proibidos no país- e formação
de quadrilha, mas respondem
às acusações em liberdade.
De volta à casa alugada onde
vive com a filha em Ribeirão,
Raul tenta arrumar um novo
emprego aos 48 anos, mas sabe
que o salário de R$ 4.000 líquidos do bingo não virão do mercado formal. "É dinheiro fácil.
Mas, do jeito que vem, vai."
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