Ribeirão Preto, Domingo, 21 de Março de 2010

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Após prisão, agenciador desiste de bingo

DA FOLHA RIBEIRÃO

Raul (nome fictício) ainda mantém em seu celular mais de 50 contatos de apostadores que frequentavam o bingo clandestino em que ele trabalhava em Ribeirão até começo deste mês. A vida na ilegalidade veio junto com a proibição das casas de jogos, em 2008, quando Raul passou de apostador a agenciador.
Sua função na casa de jogos era ligar para pessoas conhecidas nos meios da aposta e convidá-las para o jogo. Em uma única noite, ele viu cliente apostar -e perder -R$ 10 mil.
A profissão de risco ia bem até Raul ser preso no último dia 2 na Operação Cassino da PF (Polícia Federal) e passar cinco dias no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Serra Azul. "Eu posso catar latinha na rua, mas para bingo eu não volto", sentenciou.
A certeza de que nunca mais será agenciador de clientes, diz ele, vem do constrangimento de ter sido levado preso. Sobre a função, ele não demonstra remorso, embora admita que parte dos convidados seja apostador compulsivo. "Ninguém obriga a ir, vai quem quer. A gente liga e fala "estamos abertos, temos equipamentos, venha conhecer, tomar um café". Aí, a pessoa vai."
Além de Raul, a PF prendeu outros 13 homens, incluindo um advogado, e uma mulher. Todos foram indiciados por contrabando -as máquinas têm componentes importados proibidos no país- e formação de quadrilha, mas respondem às acusações em liberdade.
De volta à casa alugada onde vive com a filha em Ribeirão, Raul tenta arrumar um novo emprego aos 48 anos, mas sabe que o salário de R$ 4.000 líquidos do bingo não virão do mercado formal. "É dinheiro fácil. Mas, do jeito que vem, vai."


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