Ribeirão Preto, Domingo, 21 de Março de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Disputas sindicais vão parar na Justiça

Entidades estão em confronto judicial pelo controle de sindicatos em cidades como Sertãozinho, São Carlos e Franca

Mudança na legislação que reconheceu o papel de centrais sindicais é visto como pano de fundo pelo debate travado na região

JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO

Em vez de assembleias inflamadas pela massa de trabalhadores, os tribunais. É pela Justiça, e não nas instâncias tradicionais de representação das diversas classes trabalhistas, que as disputas sindicais vêm sendo decididas em cidades da região de Ribeirão Preto.
Os embates entre as entidades, registrados em Sertãozinho, Franca e São Carlos, segundo pesquisadores e sindicalistas têm como pano de fundo a mudança na legislação que reconheceu o papel das centrais sindicais, que, a partir de 2008, passaram a receber parte do imposto arrecadado do salário dos trabalhadores, e o próprio sistema sindical brasileiro, moldado ainda no Estado Novo de Getúlio Vargas, nas décadas de 1930 e 1940.
No primeiro caso, segundo o coordenador regional da CUT, Luiz Henrique de Souza, a disputa é pelos recursos que as centrais sindicais passaram a obter -10% do total arrecadado com imposto sindical, o que rendeu às centrais cerca de R$ 69 milhões em 2009- e pelo número de filiados que seus sindicato possuem -para serem reconhecidas, as centrais precisam ter no mínimo 5% de trabalhadores filiados em sua base de atuação.
Atualmente, a CUT está envolvida nos três principais embates sindicais da região que têm a Justiça como mediadora.
Contrário ao imposto sindical obrigatório, Souza afirmou que as disputas que acabam indo parar na Justiça refletem tanto essa movimentação em busca de recursos quanto o apego dos dirigentes ao que é arrecadado. O tom beligerante adotado pelo dirigente da CUT não é compartilhado por membros de outras centrais sindicais com atuação na região -ao menos formalmente.
Para o coordenador regional da Força Sindical, Alex Cardoso, não há uma corrida das centrais sindicais pela filiação de sindicatos na região de Ribeirão Preto.
"O que existe são alguns oportunistas de fora das categorias que querem usufruir da estrutura do sindicato em benefício próprio, para obter lucro", afirmou Cardoso.
Na região, a Força Sindical enfrenta a CUT na Justiça pelo controle do Sindicato dos Metalúrgicos de Sertãozinho.
De acordo com Cardoso, sua central sindical tem interesse em filiar entidades, mas não estimula, por exemplo, a criação de novos sindicatos para "dividir a base" de outras centrais.
Presidente da CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), Antonio Neto também disse que os problemas na região são pontuais.
A central que preside contesta judicialmente assembleia feita pela CUT em São Carlos na semana passada.


Texto Anterior: Quatro são detidos e liberados em Ribeirão por jogos ilegais
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.