Ribeirão Preto, Domingo, 22 de Fevereiro de 2009

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Região recebe 54 estudantes estrangeiros

Oriundos da América do Sul e Central e da África, eles foram selecionados por convênio para estudar na USP, UFSCar e Unesp

Meta é dar oportunidades a cidadãos de países em desenvolvimento com os quais o Brasil tem acordos educacionais e culturais

ALAN DE FARIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO

Entre sotaques de alunos de diversas cidades de São Paulo e de outros Estados, não é tão difícil encontrar, nas universidades públicas da região de Ribeirão, um linguajar influenciado pelo espanhol, pelo português de Portugal ou por dialetos africanos no início do ano letivo.
Oriundos de países da América do Sul e Central e da África, 54 alunos estrangeiros, selecionados pelo PEC-G (Programa Estudante Convênio de Graduação), passarão a estudar na USP Ribeirão e São Carlos, na UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e na Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Franca e Araraquara. No ano passado, eram 33 -a USP Ribeirão Preto não forneceu os números de 2008.
O objetivo do programa, desenvolvido pelos ministérios das Relações Exteriores e da Educação em parceria com universidades federais, estaduais e privadas, é oferecer formação a cidadãos de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordos educacionais e culturais.
No ano passado, 1.602 estudantes se inscreveram no projeto e 776 foram selecionados para estudar nas faculdades brasileiras a partir deste ano. Em 2007, foram 1.024 inscritos e 788 selecionados.
A angolana Ana Cristina Mateus Lucunga, 22, chegou à USP Ribeirão no ano passado por meio do PEC-G. Ela, que era estudante de medicina em Luanda, veio estudar biologia. "Concorri a vagas na Espanha e no Brasil. Sempre quis estudar fora do país", disse a jovem.
Como é natural de uma nação pertencente à CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), ela não precisou mostrar a proficiência em português, uma das exigências do programa.
Por conta disso, o queniano Zephaniah Ayecha Ombati, 24, antes de entrar no curso da USP São Carlos, resolveu estudar português durante um ano. "Não tive muita dificuldade em aprender o idioma", disse.
Quem se inscreve no PEC-G também tem que provar que é capaz de custear as despesas no Brasil. "São os meus pais quem me sustentam aqui", disse Ana Cristina. Já o angolano Fontes Nuno Eduardo Paulo, 24, que estuda biologia na UFSCar, conta com a ajuda de uma bolsa concedida pelo governo angolano. "Gasto uma média de R$ 800 a R$ 900 por mês", disse.
Todos eles afirmam que o ensino no Brasil é muito diferente do aplicado em seus países. "Muitos dos assuntos do ensino médio no Brasil não são ensinados lá no Quênia", afirmou Zephaniah. Para Ana Cristina, além da escrita ser diferente, o que dificulta bastante, há diferenças no modo de ensinar o conteúdo no Brasil.
Ao fim da graduação, os estudantes do PEC-G têm que voltar para seus respectivos países. "Minha intenção era ficar, pois o mercado de trabalho lá no Quênia é bem pequeno. A economia é fraca", afirmou Zephaniah. A mesma opinião é compartilhada pelo nigeriano Taiwo Olawale Oladeinde, 27, estudante de engenharia elétrica da USP São Carlos. "É realmente difícil encontrar emprego na Nigéria."


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