Ribeirão Preto, Terça-feira, 22 de Dezembro de 2009

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Ribeirão Preto ganha 3,2 veículos por hora

Denatran aponta que a cidade incorporou à sua frota 28.521 veículos entre outubro de 2008 e o mesmo mês deste ano

Saturação das principais vias de Ribeirão já são evidentes na velocidade cada vez mais baixa dos carros, diz especialista


JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO

As ruas de Ribeirão Preto ganharam 28.521 veículos no período de apenas um ano, o que significa que 3,2 veículos por hora passaram a circular na cidade entre outubro do ano passado e o mesmo mês de 2009. Os dados são do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) e incluem registros de automóveis, motocicletas, caminhões e tratores.
A alta na frota nos 12 meses encerrados em outubro foi de 8,6%. Foi mantido, assim, o ritmo acelerado de aumento dos últimos três anos. Entre 2007 e 2008, a alta foi de 9,4%. Já entre 2006 e 2007, atingiu 8,9%. Nas 89 cidades da região, o aumentou foi de 107 mil veículos.
Essa evolução, de acordo com o especialista em trânsito Creso do Franco Peixoto, professor do Centro Universitário Moura Lacerda, é consequência das políticas de incentivo ao mercado automotivo adotadas pelo governo federal.
Para combater os efeitos da crise sobre o país, o governo baixou alíquotas de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos automóveis. Além disso, a taxa de juros em queda barateou o crédito para a aquisição de veículos.
Os números da frota ribeirão-pretana mostram "o desenvolvimento socioeconômico positivo" da cidade e do país, segundo o engenheiro da USP de São Carlos Antônio Coca Ferraz. A taxa de crescimento da frota do Brasil foi igual a de Ribeirão -8,6%.
Se serve para simbolizar a pujança econômica da cidade, o número cada vez maior de veículos nas vias de Ribeirão também sinaliza para problemas como congestionamentos, maior exposição a acidentes e aumento no consumo de combustíveis fósseis, dizem os especialistas.
O "esgotamento do rodoviarismo" ou a saturação das principais vias por onde circulam os automóveis já são evidentes na velocidade cada vez mais baixa que os carros transitam em Ribeirão, segundo Peixoto.
A única solução para esse problema, segundo ele, é o uso combinado de transporte coletivo, ciclovias e o "pedestrianismo", ou seja, incentivar as pessoas a se locomover a pé.
Nos anos 80, segundo ele, era possível circular pela avenida Francisco Junqueira, por exemplo, a 40 km/h. Atualmente, nos horários de pico, dificilmente se consegue ultrapassar os 20 km/h.
O aumento do número de motos em circulação, que cresceu mais do que a média (10%) em Ribeirão Preto, também é motivo de preocupação.
Segundo Ferraz, motociclistas estão mais expostos a acidentes, por isso, a expansão da frota de motos traz alta nos gastos do SUS (Sistema Único de Saúde), já que boa parte dos acidentes de trânsito nas grandes cidades envolve esse tipo de veículo.
Peixoto calcula em R$ 600 mil, para o sistema de saúde, cada morte no trânsito. Também considera esse tipo de veículo o principal problema do trânsito. Nas dez maiores cidades, a alta média da frota ficou em 7,3%. Como em Ribeirão, cresceu mais do que a média o registro de motos: 9%.


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