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Ribeirão Preto ganha 3,2 veículos por hora
Denatran aponta que a cidade incorporou à sua frota 28.521 veículos entre outubro de 2008 e o mesmo mês deste ano
Saturação das principais vias de Ribeirão já são evidentes na velocidade cada vez mais baixa dos carros, diz especialista
JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO
As ruas de Ribeirão Preto ganharam 28.521 veículos no período de apenas um ano, o que
significa que 3,2 veículos por
hora passaram a circular na cidade entre outubro do ano passado e o mesmo mês de 2009.
Os dados são do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) e incluem registros de automóveis, motocicletas, caminhões e tratores.
A alta na frota nos 12 meses
encerrados em outubro foi de
8,6%. Foi mantido, assim, o ritmo acelerado de aumento dos
últimos três anos. Entre 2007 e
2008, a alta foi de 9,4%. Já entre 2006 e 2007, atingiu 8,9%.
Nas 89 cidades da região, o aumentou foi de 107 mil veículos.
Essa evolução, de acordo
com o especialista em trânsito
Creso do Franco Peixoto, professor do Centro Universitário
Moura Lacerda, é consequência das políticas de incentivo ao
mercado automotivo adotadas
pelo governo federal.
Para combater os efeitos da
crise sobre o país, o governo
baixou alíquotas de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos automóveis.
Além disso, a taxa de juros em
queda barateou o crédito para a
aquisição de veículos.
Os números da frota ribeirão-pretana mostram "o desenvolvimento socioeconômico positivo" da cidade e do país,
segundo o engenheiro da USP
de São Carlos Antônio Coca
Ferraz. A taxa de crescimento
da frota do Brasil foi igual a de
Ribeirão -8,6%.
Se serve para simbolizar a
pujança econômica da cidade, o
número cada vez maior de veículos nas vias de Ribeirão também sinaliza para problemas
como congestionamentos,
maior exposição a acidentes e
aumento no consumo de combustíveis fósseis, dizem os especialistas.
O "esgotamento do rodoviarismo" ou a saturação das principais vias por onde circulam os
automóveis já são evidentes na
velocidade cada vez mais baixa
que os carros transitam em Ribeirão, segundo Peixoto.
A única solução para esse
problema, segundo ele, é o uso
combinado de transporte coletivo, ciclovias e o "pedestrianismo", ou seja, incentivar as pessoas a se locomover a pé.
Nos anos 80, segundo ele, era
possível circular pela avenida
Francisco Junqueira, por
exemplo, a 40 km/h. Atualmente, nos horários de pico, dificilmente se consegue ultrapassar os 20 km/h.
O aumento do número de
motos em circulação, que cresceu mais do que a média (10%)
em Ribeirão Preto, também é
motivo de preocupação.
Segundo Ferraz, motociclistas estão mais expostos a acidentes, por isso, a expansão da
frota de motos traz alta nos gastos do SUS (Sistema Único de
Saúde), já que boa parte dos
acidentes de trânsito nas grandes cidades envolve esse tipo de
veículo.
Peixoto calcula em R$ 600
mil, para o sistema de saúde,
cada morte no trânsito. Também considera esse tipo de veículo o principal problema do
trânsito. Nas dez maiores cidades, a alta média da frota ficou
em 7,3%. Como em Ribeirão,
cresceu mais do que a média o
registro de motos: 9%.
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