Ribeirão Preto, Domingo, 23 de maio de 1999

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Ex-interno diz que experiência "ajudou"

da Folha Ribeirão

Depois de passar pela Febem várias vezes e ficar cerca de um ano da unidade de Ribeirão Preto, o jovem William de Abreu, 18, afirma que a experiência o ajudou a tomar um rumo em sua vida.
Trabalhando atualmente como auxiliar em uma loja de equipamentos de escritório, ele diz que contou com a ajuda de várias pessoas após sair da Febem, incluindo o promotor e o juiz da Infância e Juventude, além do proprietário da empresa.
"Eu comecei a mexer com crack logo cedo. Em seguida, comecei a roubar, até que fui preso a primeira vez. Assaltei uma loja e outros locais e andava armado", disse ele, que mora em Barrinha e viaja todos os dias.
Segundo ele, a primeira experiência na Febem não foi boa. "É difícil você estar na rua em liberdade e depois acabar preso. A gente não aceita, mas depois cai da real", disse.
Ele afirmou que passou pela Febem de Ribeirão Preto e também de Sorocaba e que, no início, foi segregado dentro da unidade.
"Me chamavam de drogado e os garotos não me ajudavam. Mesmo assim, consegui ter força de vontade e participei de oficinas. Aos poucos, fui adquirindo confiança e vi que poderia sair das drogas e valorizar minha vida", disse.
Hoje, ele faz todo o tipo de serviços no local onde trabalha. Ajuda a montar peças de escritório, faz serviços de banco e até mesmo serve de vigia.
"O pessoal confia em mim, dá dinheiro para eu depositar. Sabem que eu não vou fugir com o dinheiro, que eu quero mudar minha vida", disse.
Abreu recebe um salário semanal da loja, com o qual ajuda sua mãe, que também trabalha em Ribeirão Preto e viaja diariamente.
"Uma parte eu guardo ou compro coisas para minha casa. A outra eu dou para minha mãe, ajudo ela e meus irmãos."
Sua opinião com relação a Febem é a de que o adolescente pode ser recuperado na instituição, desde que tenha força de vontade.
"A pessoa precisa acreditar que pode ser curada, que pode começar uma nova vida. Mas se entrar com a mentalidade de continuar falando "gírias' e querendo brigar, não vai conseguir nada e sua vida vai ser um eterno problema."



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