Ribeirão Preto, Domingo, 23 de maio de 1999

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Aluno revisa matéria na roça

da enviada especial

Nos dias de prova, o trabalhador rural Aparecido do Carmo chega a levar os livros para a roça para revisar a matéria.
"Tenho que aproveitar todo o tempo que sobra. Às vezes, chego mais de meia-noite da faculdade e ainda estudo um pouco", diz o bóia-fria.
Ele afirma que tem encontrado algumas dificuldades por ter ficado 12 anos sem frequentar a escola. "Acho que sou o único da turma que não tinha base de computação e inglês e às vezes é difícil acompanhar."
Por não ter computador, Carmo diz que às vezes não consegue fazer os trabalhos pedidos por professores. Com a ajuda de uma professora, ele está escrevendo uma carta ao Ministério da Educação pedindo um equipamento.
Carmo era funcionário da parte industrial da usina São Geraldo, mas perdeu o emprego na fusão da empresa com a Santa Elisa e acabou tendo que voltar a cortar cana.
"Não tenho vergonha do que faço. Contei para todos na faculdade e sou respeitado pelos meus colegas."
Eduardo Augusto Fachini, 21, que estuda na classe de Carmo, diz que o colega é muito esforçado. "Ele tem uma atenção especial dos professores e já tem melhorado bastante."



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