Ribeirão Preto, Sexta-feira, 23 de Outubro de 2009

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Chuva recorde causa estragos na região

Volume atinge 61,2 mm e faz funcionário cair em córrego e ser arrastado; motociclista bate em árvore derrubada e morre

Pista fica interditada por seis horas em Sales, após caminhão perder o controle por causa da lama e bater num ônibus de boias-frias


Silva Junior/Folha Imagem
Oprodutor Daniel Annibal, com máquinas paradas em uma de suas propriedades, em Cravinhos

LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

A chuva da madrugada de ontem foi a mais forte do ano em Ribeirão e provocou estragos e acidentes na cidade e na região. De acordo com o IAC (Instituto Agronômico de Campinas), a chuva atingiu 61,2 milímetros e já faz do mês, ainda inacabado, o outubro o mais chuvoso dos últimos três anos.
Se o volume de chuva foi grande, os estragos não ficaram atrás. Em Ribeirão, um funcionário da empresa que faz a obra antienchente na avenida Fábio Barreto, no encontro do Retiro Saudoso com o ribeirão Preto, perdeu o equilíbrio por causa da chuva durante vistoria, caiu no ribeirão e foi arrastado por 100 m, até conseguir ser resgatado por colegas.
Já em Santo Antônio da Alegria, um motociclista morreu ao bater de moto numa árvore derrubada pela chuva, na madrugada de ontem, enquanto em Sales Oliveira um caminhão carregado de cana-de-açúcar perdeu o controle por causa da lama na pista e bateu num ônibus de trabalhadores rurais, ainda na noite de anteontem. O saldo foi de cinco feridos e a interdição da pista por seis horas.
Até ontem, segundo o IAC, choveu 100 milímetros em Ribeirão em outubro. No mesmo mês do ano passado, a quantidade de chuva foi de 47,6 mm. O temporal também provocou alagamentos em pontos de Ribeirão Preto, principalmente no centro e na Baixada, e elevou o nível do córrego Retiro Saudoso e do próprio ribeirão.
"Em outubro, essa foi a chuva mais forte. Tivemos pontos de alagamentos, entupimentos, problemas no trânsito", disse o presidente interino da Defesa Civil, André Luiz Tavarez. Segundo ele, o problema se intensifica quando a chuva "vem de uma só vez".
"Se fosse espaçada ao longo do dia não teria tanto problema. Mas, caindo de uma vez, como aconteceu hoje [ontem], as galerias não comportam, o lixo atrapalha e tudo se alaga", afirmou Tavarez. Neste ano, só no inverno, as chuvas foram 120% superiores ao mesmo período de anos anteriores, de acordo com o Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura), da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o que também tem gerado problemas para a agricultura, especialmente para a cana-de-açúcar, principal produto da região.
"Houve uma inversão. O fenômeno La Niña virou para El Niño, e isso significa o bloqueio de massas de ar no sul do país, deixando a região muito úmida. É uma explicação plausível, de acordo com a dinâmica atmosférica", afirmou o pesquisador Hilton Silveira Pinto, do Cepagri.

Colaborou MARCELO TOLEDO, editor-assistente da Folha Ribeirão



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