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Chuva volta a prejudicar safra e a qualidade da cana colhida
Usinas devem ampliar o processamento da cana até o mês de dezembro
LEANDRO MARTINS
DA FOLHA RIBEIRÃO
O novo relatório com dados
parciais da safra de cana divulgado ontem pela Unica (União
da Indústria de Cana-de-Açúcar) mostra que as chuvas voltaram a prejudicar o volume de
moagem e também a qualidade
do produto, na primeira quinzena de outubro. Embora o volume moído de cana tenha ficado 8,86% acima do registrado
no mesmo período de 2008 na
região Centro-Sul, a produção
final de açúcar e álcool cresceu
apenas 2,47% por causa da menor concentração de sacarose.
O usineiro Maurilio Biagi Filho disse que ainda é difícil prever até quando ocorrerá o processamento da cana nas usinas."Como tivemos muita chuva num período atípico, pode
ser que num mês que seria para
chover, chova menos. Vai depender agora do final de outubro e começo de novembro e
dezembro", afirmou.
Para o usineiro, porém, vai
sobrar muita cana no campo.
"Todo mundo vai moer até onde puder, mas o volume de cana
que vai ficar é muito grande."
De acordo com o diretor regional da Unica, Sérgio Prado,
em anos considerados normais
a safra terminaria em novembro na maior parte das usinas,
mas por causa dos dias parados,
as usinas devem avançar ao
menos mais um mês.
Prado disse que a Unica mantém a redução na estimativa final de processamento de cana
nesta safra -de 550 milhões
para 530 milhões de toneladas.
Biagi Filho disse que, se por
um lado o fator climático atrapalhou, a alta de preços melhorou as condições do setor.
Segundo o Cepea (Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, o
litro do álcool anidro (misturado à gasolina) vendido nas usinas aumentou 59,7% de maio a
outubro, de R$ 0,6756 a R$
1,0793. O hidratado subiu ainda
mais no período: 61,4%.
"Há muito tempo que eu digo
que o setor precisa parar de
medir as nossas performances
por produção, e sim por rentabilidade", afirmou o usineiro.
Para o pesquisador do IEA
(Instituto de Economia Agrícola) Sérgio Alves Torquato, os
preços atuais realmente ajudaram na recuperação dos fabricantes. "Apesar das chuvas, a
safra tem sido bem melhor em
termos econômicos para as usinas", disse o pesquisador.
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