Ribeirão Preto, Sexta-feira, 23 de Outubro de 2009

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Chuva volta a prejudicar safra e a qualidade da cana colhida

Usinas devem ampliar o processamento da cana até o mês de dezembro

LEANDRO MARTINS
DA FOLHA RIBEIRÃO

O novo relatório com dados parciais da safra de cana divulgado ontem pela Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) mostra que as chuvas voltaram a prejudicar o volume de moagem e também a qualidade do produto, na primeira quinzena de outubro. Embora o volume moído de cana tenha ficado 8,86% acima do registrado no mesmo período de 2008 na região Centro-Sul, a produção final de açúcar e álcool cresceu apenas 2,47% por causa da menor concentração de sacarose.
O usineiro Maurilio Biagi Filho disse que ainda é difícil prever até quando ocorrerá o processamento da cana nas usinas."Como tivemos muita chuva num período atípico, pode ser que num mês que seria para chover, chova menos. Vai depender agora do final de outubro e começo de novembro e dezembro", afirmou.
Para o usineiro, porém, vai sobrar muita cana no campo. "Todo mundo vai moer até onde puder, mas o volume de cana que vai ficar é muito grande."
De acordo com o diretor regional da Unica, Sérgio Prado, em anos considerados normais a safra terminaria em novembro na maior parte das usinas, mas por causa dos dias parados, as usinas devem avançar ao menos mais um mês.
Prado disse que a Unica mantém a redução na estimativa final de processamento de cana nesta safra -de 550 milhões para 530 milhões de toneladas.
Biagi Filho disse que, se por um lado o fator climático atrapalhou, a alta de preços melhorou as condições do setor.
Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, o litro do álcool anidro (misturado à gasolina) vendido nas usinas aumentou 59,7% de maio a outubro, de R$ 0,6756 a R$ 1,0793. O hidratado subiu ainda mais no período: 61,4%.
"Há muito tempo que eu digo que o setor precisa parar de medir as nossas performances por produção, e sim por rentabilidade", afirmou o usineiro.
Para o pesquisador do IEA (Instituto de Economia Agrícola) Sérgio Alves Torquato, os preços atuais realmente ajudaram na recuperação dos fabricantes. "Apesar das chuvas, a safra tem sido bem melhor em termos econômicos para as usinas", disse o pesquisador.


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