Ribeirão Preto, Domingo, 23 de Novembro de 2008

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Não prevista em lei, "satelitização" das emissoras de rádio gera polêmica

DA FOLHA RIBEIRÃO

A satelitização das rádios FM, como a ocorrida com a chegada da Oi FM na freqüência da Melody, não está prevista em lei e gera polêmica.
O Ministério das Comunicações, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que o Código Brasileiro de Telecomunicações, criado em 1962, não diz nada sobre a cessão de rádios a terceiros.
No entanto, o ministério deixa claro que a prática abre margem para discussões e pode acarretar, inclusive, a cassação da concessão pública caso seja comprovado que houve transferência do espaço.
O advogado Cláudio de Barros Goulart, especialista em direito de mídia, disse acreditar que a cessão de um dial a terceiros é irregular. "É um assunto difícil, pois a lei brasileira é antiga e não diz nada sobre o assunto. Mas eu acho que é um ato irregular, já que se trata de uma concessão pública."
Para José Ignácio Pizani, da Clube, o contrato com a Oi não caracteriza arrendamento ou locação. "Nós compramos um conteúdo da rádio Oi. Deixamos de exibir um conteúdo nosso e estou exibindo um conteúdo deles. Isso é comum e permitido", disse.
O sindicato da categoria também questiona a legalidade da prática. "Há muito tempo nós questionamos a satelitização com o Ministério das Comunicações", disse Marcos Poska, presidente do sindicato. "Além de ilegal, somos obrigados a engolir uma programação que não é nossa, uma cultura diferente, com vocabulários diferentes. A rádio é uma concessão pública, deveria estar gerando empregos e não cortando o quadro de funcionários."
Segundo o diretor da Mega Sistema de Comunicação, Marcelo Romano Machado, a satelitização acaba com a interatividade com o público. "O funcionário que estaria atrás do microfone, colocando musica, interagindo com o ouvinte, deixa de existir", disse.
De acordo com o empresário, várias propostas de satelitização já foram feitas para as três rádios do grupo -Mega, Conquista e Diário-, mas a idéia é rechaçada. "Isso nem passa pela nossa cabeça, sequer foi cogitado", disse.


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