Ribeirão Preto, Terça-feira, 24 de Março de 2009

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Nº de motociclistas feridos no trânsito de Ribeirão dobra

Em janeiro deste ano, 44 foram internados em hospitais do SUS, contra 22 em 2008

Segundo especialista, a imprudência dos que dirigem motos é grande, o que dificulta campanhas de educação no trânsito

Silva Júnior/Folha Imagem
Motociclista atravessa sinal vermelho em avenida de Ribeirão Preto; imprudência é apontada como causa principal dos acidentes

LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Análise das estatísticas de internações por acidentes mostram que caiu o número de motoristas de automóveis e de pedestres feridos no trânsito de Ribeirão Preto em janeiro, mas dobrou o de motociclistas e também o de ciclistas.
Segundo dados do Ministério da Saúde, 44 motociclistas foram internados em hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde) em Ribeirão em janeiro deste ano, primeiro mês sob a nova direção da Transerp (órgão municipal de trânsito), contra 22 em janeiro de 2008.
Não há dados disponíveis deste ano para comparar se houve também aumento de mortes de motociclista. No ano passado inteiro, morreram 34 contra 31 em 2007.
"A imprudência é grande. A gente vê vários [motociclistas] fazendo aberrações no trânsito, muito mais do que entre os motoristas de automóveis. Fica complicado fazer a educação no trânsito quando se fala em motociclistas", disse Luimar Paes Heck, engenheiro civil e especialista em trânsito do Centro Universitário Moura Lacerda.
O total de acidentes durante o período -incluindo todos os tipos de transporte- passou de 63 para 68, mas considerando apenas os ocupantes de automóveis, houve queda de 35,2% nas internações (veja quadro nesta página).
"A exposição do motociclista é muito maior. Ele não tem proteção. Junte isso a uma falta de educação no trânsito e ao uso das motos como meio de transporte e trabalho, os acidentes aumentam. Além disso, a frota de motos aumenta ano após ano", disse a pediatra Ana Helena Parra, coordenadora da frente de prevenção do Gapat (Grupo Técnico de Avaliação e Prevenção de Acidentes de Trânsito/Transporte), que planeja um projeto especial voltado aos motociclistas (leia texto nesta página).
A frota de motos cresceu 11,06%, percentual bem inferior ao aumento das internações de seus pilotos. Em janeiro de 2008, havia 63.438 motos e motonetas. Em dezembro de 2008, passou para 70,016.
A direção da Transerp evitou comentar os números. Disse que prefere aguardar seus próprios dados, sem previsão para sair, para tomar providências. "Em todo o caso, é um número preocupante. Certamente medidas serão tomadas", disse Milton Lino, gerente de sinalização viária da empresa.

Medo
Um choque frontal com um carro mudou a vida do balconista Marco Aurélio Dias da Silva, 23. Ele conta que, em abril do ano passado, bateu sua moto em um carro que surgiu na contramão em rua do Quintino Facci 2.
Silva quebrou o fêmur esquerdo, perfurou o pulmão direito, quebrou o punho e um dedo da mão esquerda, trincou um osso da face e teve sangramento no cérebro. Ao todo, passou 35 dias internados, sendo 15 deles em coma.
Quase um ano depois, ainda faz fisioterapia no Hospital das Clínicas e não consegue dobrar o joelho esquerdo. Por causa dos ferimentos, não voltou a trabalhar. "Eu gosto de moto. Mas hoje não tenho mais vontade de andar", disse.


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