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Conclusão de ação trabalhista leva 5,7 anos
Tempo médio de tramitação do processo foi calculado em levantamento do 15º TRT, que abrange a região de Ribeirão
Batatais teve a maior demora entre as dez grandes; fechamento de empresas e aumento de ações são algumas causas
DA FOLHA RIBEIRÃO
Há seis anos, a empresa em
que trabalhava o vigilante Marcelo Rogério dos Santos, 35, fechou as portas. Além de perder
o emprego, Santos ficou sem
receber indenização. "Não fizeram acerto, não me deram nada. Entrei com a ação para, um
dia, tentar ver esse dinheiro.
Mas sei que não posso contar."
A demora no processo de
Santos não é nada incomum.
Segundo dados do 15º TRT
(Tribunal Regional do Trabalho), em 2009, uma ação trabalhista demorou até cinco anos e
sete meses para ser solucionado pela Justiça. Entre as dez cidades mais populosas da região, o trâmite foi mais lento
em Batatais, no caso das ações
com valor acima de 40 salários
mínimos.
Em Ribeirão Preto, o mesmo
tipo de ação levou, em média,
três anos e cinco meses para ser
concluído. O levantamento é do
15º TRT (Tribunal Regional do
Trabalho). Na área de abrangência do tribunal, a média de
demora das ações trabalhistas
que superam 40 salários é de
quatro anos e sete meses -a
contagem começa na data em
que a ação é ajuizada e termina
com sua execução.
Segundo o diretor do Fórum
de Ribeirão e titular da 6ª Vara
do Trabalho, Fábio Allegretti
Cooper, o grande problema está na execução da sentença.
"O problema é quando chega
na parte de executar, ou seja, a
parte de receber o que determinou a Justiça. Quando a empresa tem boa capacidade financeira, resolve rápido. Mas
quando a empresa é pequena, o
que é muito comum em Ribeirão, que tem muitas prestadoras de serviço, isso demora."
Em Batatais, segundo a assessoria do TRT, a demora se
deve ao fato de que houve conclusão de um grande número
de processos em 2009 que se
arrastavam há muito anos.
Em Franca, onde a média é
de 4,3 anos, o juiz da 2ª Vara do
Trabalho, Alberto Cordero Donha, disse que o principal problema está na fase de execução.
"Durante o andamento do
processo, muitas empresas de
pequeno porte desaparecem.
Elas acabam se desconstituindo e, por isso, a execução é lenta", afirmou. Além desse problema, o juiz disse que houve
um crescimento no número de
processos. Só no ano passado,
nas duas varas da cidade, deram entrada 4.622 ações.
"O aumento vem de três a
quatro anos devido, em parte, à
crise econômica que afetou
muito a indústria calçadista, refletindo diretamente no número de ações de trabalho."
O juiz aponta outro fator que
contribui para a morosidade: o
número enxuto de servidores
trabalhando nas varas.
"A estrutura da Justiça do
Trabalho é reduzida. Em cidades pequenas, isso ainda é mais
complicado porque há pouca
gente para agilizar o serviço.
Há diversos componentes,
como a necessidade de perito
-que são poucos-, que atrasam o trâmite", afirmou Jair
Cardoso, especialista e professor da Faculdade de Direito da
USP de Ribeirão Preto.
(LIGIA SOTRATTI)
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