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Sem leasing, financiamento fica mais caro
Concessionárias afirmam que bancos têm reduzido as linhas disponíveis desse tipo de operação para a compra de veículos
Gerente de revenda de Ribeirão afirma que
90% dos contratos de financiamento fechados em 2009 foram via leasing
JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO
De carona na venda recorde
de carros e no encarecimento
de outras modalidades de crédito, o leasing ganhou a preferência do consumidor nos últimos anos, mas agora pode estar
com os dias contados. Segundo
gerentes de concessionárias de
Ribeirão ouvidos pela Folha, os
bancos vêm reduzindo as linhas de leasing disponíveis para a compra de veículos, privilegiando o CDC (Crédito Direto ao Consumidor).
Na comparação entre janeiro
deste ano e janeiro de 2009, o
número de contratos de leasing
no Brasil caiu de 121.496 para
66.474, 45,2% a menos.
Na Volkswagen Itacuã, de Ribeirão, 90% das vendas financiadas fechadas em 2009 foram
via leasing, segundo o gerente
de vendas Newton Ceschin Júnior. O restante era por CDC.
Devido à mudança na tabela
dos bancos, que derrubaram as
taxas de juros do CDC, ele projeta que no próximo mês essa
relação se inverta e o leasing fique com 10% da carteira de veículos financiados.
Em termos de custo, a principal diferença entre o leasing e
o CDC é que sobre este último
incide o IOF (Imposto sobre
Operações Financeiras), enquanto para o leasing essa alíquota não existe -não é considerado uma operação financeira, mas uma prestação de serviço em que o carro é alugado para o cliente, que ao final do pagamento das parcelas pode escolher ficar com o veículo.
Para um financiamento de
R$ 10 mil, por exemplo, a parcela do leasing custa R$ 259 para um plano de 60 meses, R$ 7
a menos do que no CDC. No
ano passado, essa diferença ficava em torno de R$ 30.
Segundo o presidente da
Anef (Associação Nacional das
Empresas Financeiras das
Montadoras), Luiz Montenegro, a diferença entre as prestações nas duas modalidades diminuiu por causa da queda do
IOF. Como o CDC é considerado uma operação menos burocrática -o veículo fica registrado no nome do cliente, enquanto no leasing isso só acontece ao final do pagamento das
parcelas-, o consumidor tende
a aceitar pagar um pouco mais
pelo IOF, disse Montenegro.
Fontes do setor também
atribuem à cobrança de impostos sobre o leasing a disponibilidade menor dessas linhas de
financiamento.
Isso porque o período de declínio na oferta do leasing coincidiu com pós-julgamento no
STF (Supremo Tribunal Federal) que abriu a possibilidade
de os municípios cobrarem ISS
(Imposto Sobre Serviços) sobre o leasing nos locais onde o
carro é negociado. Hoje, incide
sobre o leasing a alíquota da cidade que abriga a matriz do
banco, não as agências.
Além da cobrança diferenciada, de acordo com o ISS de
cada cidade, a decisão do STF
abriu a possibilidade de cada
um cobrar um valor retroativo
a cinco anos pelos recursos que
deixaram de ser recolhidos.
Em Franca, por exemplo, a
prefeitura estima ter a receber
dos bancos R$ 68 milhões.
A decisão do STF foi alvo de
um recurso e voltou para as
mãos do relator do processo, o
ministro Eros Grau. Ainda não
há data para ser julgado.
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