Ribeirão Preto, Sábado, 27 de Março de 2010

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Sem leasing, financiamento fica mais caro

Concessionárias afirmam que bancos têm reduzido as linhas disponíveis desse tipo de operação para a compra de veículos

Gerente de revenda de Ribeirão afirma que 90% dos contratos de financiamento fechados em 2009 foram via leasing

JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO

De carona na venda recorde de carros e no encarecimento de outras modalidades de crédito, o leasing ganhou a preferência do consumidor nos últimos anos, mas agora pode estar com os dias contados. Segundo gerentes de concessionárias de Ribeirão ouvidos pela Folha, os bancos vêm reduzindo as linhas de leasing disponíveis para a compra de veículos, privilegiando o CDC (Crédito Direto ao Consumidor).
Na comparação entre janeiro deste ano e janeiro de 2009, o número de contratos de leasing no Brasil caiu de 121.496 para 66.474, 45,2% a menos.
Na Volkswagen Itacuã, de Ribeirão, 90% das vendas financiadas fechadas em 2009 foram via leasing, segundo o gerente de vendas Newton Ceschin Júnior. O restante era por CDC.
Devido à mudança na tabela dos bancos, que derrubaram as taxas de juros do CDC, ele projeta que no próximo mês essa relação se inverta e o leasing fique com 10% da carteira de veículos financiados.
Em termos de custo, a principal diferença entre o leasing e o CDC é que sobre este último incide o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), enquanto para o leasing essa alíquota não existe -não é considerado uma operação financeira, mas uma prestação de serviço em que o carro é alugado para o cliente, que ao final do pagamento das parcelas pode escolher ficar com o veículo.
Para um financiamento de R$ 10 mil, por exemplo, a parcela do leasing custa R$ 259 para um plano de 60 meses, R$ 7 a menos do que no CDC. No ano passado, essa diferença ficava em torno de R$ 30.
Segundo o presidente da Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), Luiz Montenegro, a diferença entre as prestações nas duas modalidades diminuiu por causa da queda do IOF. Como o CDC é considerado uma operação menos burocrática -o veículo fica registrado no nome do cliente, enquanto no leasing isso só acontece ao final do pagamento das parcelas-, o consumidor tende a aceitar pagar um pouco mais pelo IOF, disse Montenegro.
Fontes do setor também atribuem à cobrança de impostos sobre o leasing a disponibilidade menor dessas linhas de financiamento.
Isso porque o período de declínio na oferta do leasing coincidiu com pós-julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) que abriu a possibilidade de os municípios cobrarem ISS (Imposto Sobre Serviços) sobre o leasing nos locais onde o carro é negociado. Hoje, incide sobre o leasing a alíquota da cidade que abriga a matriz do banco, não as agências.
Além da cobrança diferenciada, de acordo com o ISS de cada cidade, a decisão do STF abriu a possibilidade de cada um cobrar um valor retroativo a cinco anos pelos recursos que deixaram de ser recolhidos. Em Franca, por exemplo, a prefeitura estima ter a receber dos bancos R$ 68 milhões.
A decisão do STF foi alvo de um recurso e voltou para as mãos do relator do processo, o ministro Eros Grau. Ainda não há data para ser julgado.


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