Ribeirão Preto, Domingo, 27 de Junho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANÁLISE

Descarte irregular de resíduo leva à degradação ambiental

JOSÉ DA COSTA MARQUES NETO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No Brasil, uma das causas da degradação ambiental de milhares de áreas pode ser atribuída aos descartes irregulares de resíduos de construção e demolição (RCD).
A situação atual dos entulhos é caótica, considerados o descaso e o despreparo das administrações municipais em gerenciar as enormes quantidades produzidas.
Também nesse contexto, devemos avaliar os geradores do setor da construção civil. Esse setor contribui de forma decisiva com o aumento do emprego e a redução do deficit habitacional, mas tem impactos ambientais, sociais e econômicos silenciosos -e gigantescos- devido à geração frenética de resíduos.
Alguns fatores podem explicar os volumes produzidos nos canteiros de obras do Brasil: perdas e desperdícios de materiais, falta de planos de gerenciamento de resíduos e falta de percepção dos ganhos econômicos que os RCD poderiam agregar.
Podemos destacar a falta de conscientização ambiental de profissionais do setor.
Esse comportamento pode ser cultural, o que torna a mudança mais difícil. Nesse quadro de degradação gradual e permanente, a Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, de 5 de julho de 2002 estabeleceu as primeiras diretrizes para que as cidades pudessem gerenciar seus RCD.
Pela Resolução, a instituição de Planos Integrados de Gerenciamento dos Resíduos de Construção e Demolição impõe responsabilidades aos atores responsáveis pelos resíduos, o que permite a fiscalização das operações, atualmente sem controle.
Um aspecto relevante desse modelo é a redução do número de áreas de descartes irregulares e o correto gerenciamento por parte dos gestores de limpeza pública.
Outro aspecto da resolução são os projetos de gerenciamento de resíduos nas obras. Eles devem instruir e promover nos empreendimentos a prática dos 3R, em que reciclagem, redução e reutilização de materiais de construção devem ser perseguidas por empreendedores.
Isso traria a diminuição dos entulhos tirados dos canteiros, com consequente aumento da vida útil de aterros. Só o compromisso de gerador, transportador e governo contribuirá para preservar o capital natural com equidade entre gerações em benefício do desenvolvimento.

JOSÉ DA COSTA MARQUES NETO é professor doutor do Departamento de Engenharia Civil da UFSCar

Texto Anterior: Foco: Representante comercial constrói casa de 42 m2 só com materiais reciclados
Próximo Texto: Fiscalização do descarte tem deficiências
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.