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ANÁLISE
Descarte irregular de resíduo leva à degradação ambiental
JOSÉ DA COSTA MARQUES NETO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No Brasil, uma das causas
da degradação ambiental de
milhares de áreas pode ser
atribuída aos descartes irregulares de resíduos de construção e demolição (RCD).
A situação atual dos entulhos é caótica, considerados
o descaso e o despreparo das
administrações municipais
em gerenciar as enormes
quantidades produzidas.
Também nesse contexto,
devemos avaliar os geradores do setor da construção civil. Esse setor contribui de
forma decisiva com o aumento do emprego e a redução do
deficit habitacional, mas tem
impactos ambientais, sociais
e econômicos silenciosos -e
gigantescos- devido à geração frenética de resíduos.
Alguns fatores podem explicar os volumes produzidos nos canteiros de obras do
Brasil: perdas e desperdícios
de materiais, falta de planos
de gerenciamento de resíduos e falta de percepção dos
ganhos econômicos que os
RCD poderiam agregar.
Podemos destacar a falta
de conscientização ambiental de profissionais do setor.
Esse comportamento pode
ser cultural, o que torna a
mudança mais difícil. Nesse
quadro de degradação gradual e permanente, a Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, de 5
de julho de 2002 estabeleceu
as primeiras diretrizes para
que as cidades pudessem gerenciar seus RCD.
Pela Resolução, a instituição de Planos Integrados de
Gerenciamento dos Resíduos
de Construção e Demolição
impõe responsabilidades aos
atores responsáveis pelos resíduos, o que permite a fiscalização das operações, atualmente sem controle.
Um aspecto relevante desse modelo é a redução do número de áreas de descartes irregulares e o correto gerenciamento por parte dos gestores de limpeza pública.
Outro aspecto da resolução são os projetos de gerenciamento de resíduos nas
obras. Eles devem instruir e
promover nos empreendimentos a prática dos 3R, em
que reciclagem, redução e
reutilização de materiais de
construção devem ser perseguidas por empreendedores.
Isso traria a diminuição
dos entulhos tirados dos canteiros, com consequente aumento da vida útil de aterros.
Só o compromisso de gerador, transportador e governo
contribuirá para preservar o
capital natural com equidade entre gerações em benefício do desenvolvimento.
JOSÉ DA COSTA MARQUES NETO é
professor doutor do Departamento de
Engenharia Civil da UFSCar
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