Ribeirão Preto, Quarta-feira, 28 de Janeiro de 2009

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Motorista diz que ônibus "deslizou" e que não sabe se um dia voltará a dirigir

DA ENVIADA A PORTO FERREIRA

Com lágrimas nos olhos, o motorista Gidevaldo Rodrigues de Almeida, 49, que estava ao volante do ônibus que tombou ontem na Anhanguera, disse que o veículo deslizou na pista e que, por causa do acidente, não sabe se um dia voltará a dirigir. Na profissão há 25 anos -sendo nove na Emtram-, Almeida começou a dirigir o ônibus, que saiu de Formosa (GO) rumo a São Paulo, em Uberaba (MG), às 2h15 de ontem. Leia, a seguir, a entrevista do motorista à Folha.

 

FOLHA- O senhor sabe o que causou o acidente?
GIDEVALDO RODRIGUES DE ALMEIDA
- Não sei o que aconteceu. Foi tudo muito rápido. Na hora [do acidente], estava garoando e a pista estava bem molhada. De repente, senti o ônibus deslizar, depois senti um solavanco. Então, tentei voltar para a pista e não consegui. Tentei manter o controle já dentro do canteiro [central], mas não consegui evitar que o ônibus tombasse.

FOLHA - O sr. dormiu ao volante?
ALMEIDA
- Não, imagine. O que aconteceu foi isso. O ônibus deslizou porque a pista estava lisa e saiu para o canteiro. Eu não consegui fazer nada.

FOLHA- Estava descansado quando assumiu o volante em Uberaba?
Há quanto tempo faz o trajeto? ALMEIDA
- Estava muito. Fiquei em casa mais de 48 horas. Sou motorista há 25 anos e nunca me envolvi num acidente. Nesta empresa, estou há nove anos e conheço o trajeto porque estou na rota há dois anos.

FOLHA- O que o sr. sente agora?
ALMEIDA
- Olha, eu gosto tanto do meu trabalho, faço tudo com tanto carinho e não desejo o que eu estou sentindo para ninguém. Foi uma fatalidade que infelizmente aconteceu. Não sei se um dia vou me recuperar e voltar a dirigir porque, afinal, morreram pessoas inocentes.


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