Ribeirão Preto, Segunda-feira, 28 de Fevereiro de 2000


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SOB SUSPEITA
Promotoria acha alimentos com validade adulterada e fecha unidades de Cravinhos e Ribeirão
Coselli é fechada por alterar alimentos

Célio Messias/Folha Imagem
Unidade da empresa Coselli em Cravinhos lacrada pela polícia no final da tarde de anteontem


ALESSANDRO BONASSOLI
da Folha Ribeirão

O Ministério Público e a polícia lacraram a unidade da importadora de produtos Coselli de Cravinhos e parte da empresa em Ribeirão Preto anteontem devido a denúncias de alteração na validade de alimentos.
A empresa é uma das maiores distribuidoras e importadoras de produtos do Estado.
Durante a operação foram apreendidas 210 toneladas de bacalhau norueguês com prazos de validade alterados, além de outros alimentos.
A apreensão aconteceu depois que o promotor de Justiça de Cravinhos, Wanderley Trindade, recebeu denúncia e mobilizou as Polícias Militar e Civil da região.
Segundo o promotor, os produtos tinham prazos de validade vencidos e adulterados para serem vendidos.
Na unidade de Cravinhos, foram presos quatro gerentes da empresa.
O proprietário da empresa, Adriano Coselli, deve ter sua prisão preventiva decretada amanhã, segundo o promotor de Justiça de Cravinhos.
Coselli e os demais envolvidos - cerca de 20 pessoas, segundo o promotor de Cravinhos - são acusados de falsidade ideológica contra a saúde pública e contra a relação de consumo, além de formação de quadrilha.
"Eles maquiavam o bacalhau, limpando o bolor e os sinais de podridão com escovas de aço. Em seguida, salgavam novamente e reembalavam o produto falsificando a data de validade para mais dois anos", disse.
A polícia não revelou o nome das quatro pessoas presas. "Só posso dizer que são dois homens e duas mulheres", disse o delegado Carlos Sérgio Marzola.
Até o final da tarde de ontem, a Folha não havia conseguido localizar o empresário Adriano Coselli nem o advogado da empresa.
Os produtos foram encontrados em locais sem mínimas condições de higiene, segundo o promotor. "Tudo era feito em mesas de madeira improvisadas, sem a presença de um profissional da área de alimentação", afirmou Trindade.
O promotor disse ainda que a temperatura ambiente no local era de aproximadamente 30C, quando deveria permanecer entre 2 e 4C.
Foram encontrados alimentos com data de fabricação real de 1996. A validade de um ano havia sido falsificada para 2001.
Além do bacalhau, a Coselli também adulterava uvas passas produzidas na Argentina, segundo o promotor.
O material era retirado da embalagem original, colocado em novos recipientes e também ganhava um prazo de validade ampliado para mais de dois anos, em média.
"O material apreendido tem valor estimado em aproximadamente R$ 35 milhões e a irregularidade pode estar sendo feita há muito tempo", disse o promotor.


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