Ribeirão Preto, Segunda-feira, 28 de Fevereiro de 2000


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TRANSPORTES
Mototáxis não são localizados
Mototáxis ilegais são ignorados



ANGELO SASTRE
da Folha Ribeirão

O DTT (Departamento de Trânsito e Transporte) da Prefeitura de Ribeirão Preto não está exercendo nenhum tipo de fiscalização para coibir os cerca de 720 mototaxistas clandestinos que atuam livremente na cidade e cujo número vem aumentando.
Desde a regulamentação da atividade, em 1998, apenas 74 das 800 motos que realizam o transporte têm autorização para circular e conduzir passageiros.
Para as agências e mototaxistas legalizados, a falta de fiscalização por parte do governo municipal prejudica toda a categoria.
A principal reclamação dos legalizados é com relação à imagem que os usuários têm do serviço.
A proprietária de uma agência de mototáxis, Márcia Aparecida Zanetti, reclama da posição adotada pelo governo municipal.
Ela diz acreditar que a falta de fiscalização prejudica a categoria, que acaba ficando com uma imagem negativa.
"Nós lutamos para conquistar esse direito e agora qualquer um pode realizar o serviço. Isso acaba prejudicando a categoria, já que muitos clandestinos se envolvem em ocorrências ligadas ao tráfico de drogas e assaltos", diz.
O diretor do DTT, Joel Carrera, afirma que o município está "dando um prazo" para a categoria se adaptar à legislação.
"Estamos dando um tempo para que eles se organizem sem atropelos", diz Carrera.
Ele afirma que, no próximo mês, devem ser expedidas pelo menos mais 50 permissões para exploração do serviço na cidade.
"O processo está em fase final e as autorizações devem ser expedidas no máximo até a primeira quinzena de março", diz Carrera.
Já o prefeito de Ribeirão, Luiz Roberto Jábali (PSDB), diz desconhecer a falta de fiscalização dos mototaxistas ilegais.
"A lei é clara e deve ser cumprida. Se não está havendo fiscalização, é uma falha do departamento de trânsito", disse Jábali.
Enquanto deixa de lado a vigilância dos mototaxistas irregulares, a prefeitura intensifica a fiscalização das lotações. A administração publicou um decreto proibindo o transporte por meio de vans e peruas no início deste mês.
Em cinco dias, foram apreendidos 19 veículos que transportavam passageiros irregularmente. Além da apreensão dos veículos, os motoristas recebem multa no valor de 2.556 UFIRs (R$ 2.719,84). Em caso de reincidência, o valor dobra.
O DTT estima que cerca de 200 perueiros estejam atuando na cidade. Já a associação da categoria calcula uma frota de 500 veículos.
Para o diretor-superintendente da Transerp, Romolo Prota, a existência de lotações é prejudicial ao sistema de transporte coletivo convencional da cidade.
Ele afirma que o movimento pode abalar o equilíbrio econômico das permissionárias que exploram as linhas urbanas e que elas realizam um serviço de "Primeiro Mundo".
"O clandestino atua somente nos momentos de maior demanda, que é justamente quando ocorre a compensação dos horários de menor frequência de passageiros", diz Romolo.
O prefeito Jábali é outro que também considera o transporte coletivo de Ribeirão de alto nível (leia texto nesta página).
O presidente do Sindicato das Empresas de Ônibus de Ribeirão Preto, Carlos Cherulli, afirma que nos últimos quatro anos o número de passageiros teve uma queda de cerca de 24%.
Para ele, a circulação das peruas e vans clandestinas poderia agravar ainda mais esse quadro.
"Os mototáxis têm uma influência pequena na queda de passageiros, enquanto as lotações interferem diretamente no movimento", afirma Cherulli.



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