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Laranja vira problema em Taquaritinga
Com preço caindo e sem contrato com indústrias de suco, citricultores levam incerteza sobre a safra para a zona urbana
Colhedores aguardam emprego e motoristas esperam frete; prefeito teme alta do desemprego
e ainda queda do comércio
JEAN DE SOUZA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO
O preço em baixa e a falta de
contratos de fornecimento para a indústria estão fazendo da
laranja, que já foi a maior fonte
de riqueza de Taquaritinga, um
grande problema para a cidade,
que está localizada no centro da
maior região citrícola do país.
A incerteza sobre a safra que
deve ter início já no próximo
mês começa dentro das porteiras das fazendas produtoras e
alcança as calçadas da cidade,
onde colhedores esperam por
trabalho e caminhões, em fila,
aguardam um frete.
"No preço que estão pagando, vou deixar minha laranja no
pé. Não vendo", afirmou o produtor Vanderlei Nucci, 63. Há
mais de 30 anos no setor, ele
disse que, pela primeira vez na
vida, fica sem contrato com as
indústrias de suco.
A alternativa, nesse caso, é
vender a laranja no mercado à
vista, conhecido como spot. O
problema é o preço: na semana
passada, a caixa de 40,8 kg era
vendida a R$ 3,71, de acordo
com levantamento do Cepea
(Centro de Estudos Avançados
em Economia Aplicada).
A situação vivida pela família
Nucci é a mesma por que passa,
pelo menos, 50% dos plantadores de laranja da cidade, segundo o presidente da Sociedade
Rural de Taquaritinga, Marco
Antonio Gonçalves.
Produtores e entidades de
classe afirmam que o preço que
está sendo pago pela caixa torna a atividade inviável, já que
somente os gastos com a colheita e frete da laranja giram
em torno de R$ 3,50. Há ainda
os custos de produção estimados em, no mínimo, R$ 10 por
caixa, segundo os citricultores.
A culpa pela situação crítica
do setor, dizem, é da indústria.
Além do preço baixo, os produtores reclamam que as indústrias não informam quando e se
vão comprar a fruta. Nesta época do ano, em 2008, a colheita
já havia começado em Taquaritinga, com as variedades mais
precoces da fruta. "Agora, estamos esperando com a laranja
no pé, disse Francisco Humberto Nucci, 28.
Os trabalhadores que esperam contratos para colher a
fruta estão apreensivos. Segundo Rosimara Bernardo Barbosa, responsável pela contratação de colhedores do condomínio Boa Safra Citrus, apenas
duas turmas de trabalhadores
já fizeram os exames médicos
para trabalhar na safra. "Mas
não é certeza, ainda, que vão ser
contratados."
Cada turma tem, em média,
40 trabalhadores. No ano passado, Rosimara disse ter contratado cerca de 400 colhedores no final de maio. "Nesta
época, eles já tinham recebido
duas quinzenas de salário."
Prefeito
O prefeito de Taquaritinga,
Paulo Delgado Júnior (DEM),
afirmou que "a situação é bastante preocupante". "Afeta toda a cadeia. O produtor, que
não ganha; o trabalhador que
ainda não tem expectativa de
emprego e, se tiver, vai ganhar
menos; e o comércio, que vai
acabar vendendo menos."
O temor, segundo Delgado, é
que o aumento do desemprego
traga outros problemas sociais,
como violência e mais demanda por cestas básicas e outras
subvenções da prefeitura.
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