Ribeirão Preto, Domingo, 29 de Abril de 2001

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AGRICULTURA
Município toma outros rumos com o avanço da produção de cana e o crescimento do cultivo do abacate
Jardinópolis abandona "mito" da manga

MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO

CÁSSIO TOMAIM
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO

Por muitas décadas, Jardinópolis ficou conhecida como a "capital da manga", cenário que atualmente toma outros rumos, com o avanço da produção de cana-de-açúcar na região e o crescimento do cultivo do abacate.
É o que está acontecendo com muitos dos produtores locais. Segundo o secretário da Agricultura, Antônio Carlos Lipole, 51, a produção de abacate hoje já chega a cerca de 50 mil pés.
No auge do cultivo da manga, a cidade produzia mais de 200 mil pés, hoje restritos a 30 mil. A redução se intensificou nos últimos cinco anos.
Um dos fatores que contribuem para a mudança é o baixo custo da produção do abacate, que não exige uma mão-de-obra especializada como o cultivo da manga.
Segundo o produtor Rafael Augusto Brigliadori, 46, a manga necessita de um atendimento especial na pós-produção, como embalagens e tempo de maturação nos balcões. O abacate, ao contrário, após a colheita, já pode ser transportado. "Na produção de abacate, empregamos menos funcionários e temos a vantagem dos próprios apanhadores poderem participar do empacotamento."
Outros fatores que beneficiam o aumento da produção de abacate na cidade são o solo e o clima. Segundo o agrônomo João Lúcio Marasco, a fruta é bastante exigente em relação ao tipo de solo. Já o clima quente e chuvoso da região auxilia o cultivo da fruta, ao contrário da manga, que necessita de pouca chuva.

Cana-de-açúcar
Além de possuir um solo fértil para o abacate, Jardinópolis também está abandonando aos poucos a manga em troca do cultivo da cana-de-açúcar.
Segundo Brigliadori, os canaviais estão mudando a agricultura da cidade. "Já presenciei vários pomares de manga que foram tomados pela cana", disse o produtor, que afirma ser difícil encontrar um sítio que não tenha aderido aos canaviais.
Para o produtor Antônio Hernandez, 60, a manga já não representa mais a cidade. "Há muito tempo Jardinópolis não tem mais produção de manga", disse.
Ele estima uma produção de 40 mil caixas de abacate em sua fazenda para 2001.
Outra vantagem que os produtores de Jardinópolis tem encontrado na produção de abacate é o fato de ele ser colhido entre os meses de janeiro e julho, período não correspondente à safra da manga. "Assim, eu posso manter a minha produção de manga e de abacate e trabalhar durante todo o ano", afirmou Hernandez.


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