Ribeirão Preto, Domingo, 29 de Julho de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Privatização começou com Palocci

DA FOLHA RIBEIRÃO

A privatização da Ceterp começou durante a gestão do petista Antônio Palocci Filho na Prefeitura de Ribeirão Preto.
Em julho de 1995, a Câmara aprovou um projeto do prefeito que previa a abertura do capital da empresa.
A venda efetiva das ações, no entanto, só aconteceu em janeiro do ano seguinte, quando os fundos de pensão Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), Sistel (dos empregados da antiga Telebrás) e Telos (da Embratel) adquiriram 49% do capital da Ceterp. O presidente da empresa era o hoje secretário do Governo Donizeti Rosa (PT).
Palocci fez um acordo de acionistas com os fundos de pensão e deu a eles poder de veto sobre as decisões da diretoria da Ceterp. Além disso, os fundos teriam direito à preferência na compra e na venda de novas ações da empresa.

Entrave
O acordo foi o grande entrave encontrado pelo ex-prefeito Luiz Roberto Jábali (PSDB) para a venda do controle acionário da empresa. A Câmara aprovou a privatização em abril de 98, mas o tucano só conseguiu concretizá-la em dezembro do ano seguinte.
O motivo, segundo Jábali, é que o acordo de acionistas assinado por Palocci afastava os interessados na compra da empresa. Pelo acordo, os fundos poderiam vender suas ações, se isso fosse de seu interesse, pelo mesmo preço e nas mesmas condições oferecidas pela prefeitura. Só depois, então, é que o poder público teria o direito de se desfazer de seu patrimônio.
Depois de uma tentativa de venda frustrada em 98 por uma decisão judicial e pela desistência do único interessado -o grupo Schain-, Jábali abriu negociações com os demais acionistas e conseguiu um acordo que garantiu a venda.
Pelo acordo, as ações dos fundos seriam vendidas junto com as da prefeitura. No dia 28 de dezembro de 99, o grupo espanhol Telefônica comprou a empresa em um leilão na Bolsa de Valores de São Paulo. A prefeitura recebeu, pelo controle acionário, R$ 208,8 milhões, que foram pagos em três parcelas -50% à vista, 25% em junho e 25% em dezembro de 2000.
O Executivo, no entanto, ainda manteve 7,67% do capital da empresa, o equivalente a 35% das ações preferenciais. Essas ações só não foram vendidas porque a lei que autorizou a privatização da empresa obrigou a reserva para o pagamento do pacto adjecto, um contrato feito por compradores de linhas da Ceterp na década de 80 que teriam o direito de receber o dinheiro de volta.
A reserva não era do interesse do prefeito tucano, mas foi aprovada por imposição do então vereador Antônio Carlos Morandini (PFL), que condicionou a aprovação para a privatização à aprovação da emenda.
Em setembro do ano passado, a prefeitura finalmente vendeu todas as suas ações, quando a Telefônica decidiu fechar o capital da Ceterp. O Executivo recebeu R$ 32 milhões pelas suas últimas ações da Ceterp, que deixou de existir definitivamente.


Texto Anterior: Para promotor, Telefônica fugiu de fiscalização
Próximo Texto: Ambiente: Bosque precisa de reforma, afirma Ibama
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.