Ribeirão Preto, Domingo, 30 de Agosto de 2009

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Empresas investem no público A da capital

Empresários de Ribeirão oferecem produtos sofisticados para um mercado consumidor bem mais amplo que o do interior

Especialista em gestão do luxo diz que quem compra os produtos "premium" desenvolve uma ligação emocional com o item

Edson Silva/Folha Imagem
Mariana Bolfarini e Ana Petri vestem vestidos da coleção deThomaz Pillegi, lançada em loja paulistana

VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Nem só de grifes estrangeiras e estilistas nacionais consagrados são feitas as vitrines dos Jardins, em São Paulo. Atentos a uma demanda que cresce mesmo nos cenários de crise, segundo especialistas, empresários de Ribeirão Preto passaram a movimentar o mercado classe A da capital.
O objetivo de quem investe na elite em São Paulo, de acordo com empresários ouvidos pela Folha, é o mesmo: oferecer produtos exclusivos, sofisticados, para um mercado consumidor bem mais amplo do que o existente no interior.
"Investimos em uma assessoria de São Paulo para poder aparecer nas principais revistas [de moda]. Nem contratamos esse serviço aqui em Ribeirão. As pessoas dão muito valor a isso porque percebem que nosso produto é bonito", afirmou a empresária Luciana Mil Homens, 34. Junto com a prima Aline Moreira, 33, ela montou em 2006 a Dalai, grife de moda praia fabricada em Ribeirão que chegou à butique Daslu, às capas das principais revistas femininas e agora à rua Oscar Freire, nos Jardins.
Thomaz Pillegi, estilista em Ribeirão há 22 anos, fez o caminho inverso. Consolidou sua marca na região e, na última terça-feira, depois de dois anos de pesquisas, lançou sua primeira coleção de festa na loja paulistana Loft 88.
Pela exclusividade e sofisticação, a cliente da capital pode pagar até R$ 10 mil por um vestido. "A mulher em São Paulo está buscando exclusividade e quer novidade. Aqui, muitas vezes quem pode comprar prefere ir buscar lá fora", afirmou.
Segundo Silvio Passarelli, diretor do MBA em Gestão do Luxo da Faap, em São Paulo, quem compra os chamados produtos "premium" e de luxo desenvolve uma ligação emocional com o que consome.
"É obvio que se eu decompuser um jeans de R$ 2.000 em pedaços eu não vou encontrar esse valor no jeans. Por isso, eu preciso estabelecer uma relação emocional com o consumidor para que ele fique encantado, o que é mais do que estar satisfeito", disse Passarelli.
De acordo com o especialista, esse mercado, que movimenta cerca de US$ 5 bilhões por ano no Brasil, tende a crescer 5% até o final deste ano, em função da crise. Para as próximas duas décadas, a expectativa de alta fica entre 8% e 10%.
"O crescimento tende a ser sólido porque a demanda qualificada depende de cultura. E essa cultura está se disseminando. Hoje, há centenas de títulos de revistas especializadas, por exemplo, passando informações sobre os mais variados assuntos e gerando desejos", disse Passarelli.
Para Felipe Sahatdjian, 27, que administra a fábrica de biscoitos caseiros Santa Farina, de Ribeirão, a cultura de consumir produtos mais refinados é o que mais distingue o comprador da capital. "Lá, se o produto for bom, o cliente compra."
O quilo de qualquer um dos 20 sabores de biscoitinhos Santa Farina, vendidos nos principais empórios paulistanos e de Ribeirão, custa R$ 36.


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