Ribeirão Preto, Sábado, 31 de julho de 1999

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CAOS NA ESTRADA
Protesto de caminhoneiros, que durou quatro dias, pára indústrias e prejudica abastecimento
Região perde R$ 90 mi com greve

Lucio Piton/Folha Imagem
Caminhões de carga na rodovia Anhanguera, na região de Ribeirão, que voltaram a trafegar ontem após quatro dias de protesto


da Folha Ribeirão

A região de Ribeirão, composta por 84 cidades, teve um prejuízo de pelo menos R$ 90 milhões com a greve dos caminhoneiros, que durou quatro dias.
A estimativa é do Instituto de Pesquisas Sociais da ACI-RP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto) e leva em conta o PIB (Produto Interno Bruto).
O valor representa o que deixou de ser produzido, vendido ou que estragou nas estradas e nos estoques de empresas no nordeste do Estado, segundo a ACI.
De acordo com a associação, a agricultura perdeu R$ 10 milhões. Já as indústrias tiveram um prejuízo de R$ 50 milhões, mais R$ 30 milhões do setor de serviços.
A greve no transporte rodoviário, que começou na segunda, ameaçou o abastecimento de alimentos na região e parou linhas de produção inteiras, como na fábrica da Volkswagen, em São Carlos.
"As perdas foram mais sentidas nas indústrias, principalmente de alimentos perecíveis, como o leite", afirmou Antônio Vicente Golfeto, diretor do instituto.
As sete indústrias de suco da região, que produzem 8.000 litros por dia -80% do Estado-, pararam anteontem e só devem retomar a atividade na segunda.
"Só com a exportação de frutas secas o prejuízo chega a R$ 1 milhão", disse Ademerval Garcia, da Abecitrus (Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos).
As usinas da região, responsáveis por 40% da produção nacional de álcool, ameaçavam parar hoje por falta de combustível e produtos químicos.
"As indústrias têm trabalhado com os estoques baixos por causa do custo do investimento, o que as deixou mais vulneráveis", disse André Ali Mere, diretor regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).
Ontem, os postos de combustíveis voltaram a receber carregamentos e a Coonai (Cooperativa Nacional Agroindustrial) reativou a distribuição de leite.
Segundo o economista Rudnei Toneto Júnior, da Faculdade de Economia e Administração da USP (Universidade de São Paulo), o fato de o governo ter segurado o reajuste do diesel vai influenciar o preço do frete. "Isso diminui o impacto do prejuízo no bolso da população, mas não impede que alguns produtos tenham picos de aumento, como as hortaliças."
É o caso do atacadista Antônio Scochi, que ficou com três caminhões de batata parados nos bloqueios nesta semana. "O produto que vou receber terá qualidade inferior e será vendido abaixo do preço."
Os supermercados podem registrar falta de frango hoje, segundo Antonio Daas Abboud, 42, diretor da Apas (Associação Paulista dos Supermercados).
A Coonai, principal distribuidora de leite da região, entregou ontem apenas 150 mil litros de leite, contra a média diária de 500 mil. A situação estará normalizada apenas na quarta-feira.



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