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Anvisa recebeu 94 queixas sobre silicone

Vigilância Sanitária havia informado, no fim de dezembro, que não havia relatos de problemas com implantes

Reclamações foram a partir do veto às próteses francesas em 2010; até dez casos são de rompimento

Anne-Christine Poujoulat/France Presse
Silicone produzido pela empresa francesa PIP
Silicone produzido pela empresa francesa PIP

JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA

Desde que foi proibida a comercialização no país das próteses de silicone francesas PIP, em abril de 2010, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) registrou 94 consultas ou queixas relacionadas a próteses mamárias em geral, disse ontem o diretor-adjunto da agência, Luiz Roberto Klassmann.

Ele afirma que as situações de rompimento relatadas não chegam a dez. "Em algumas, a pessoa identificou como PIP, mas são pouquíssimas."

A Anvisa havia informado em dezembro não ter registros de problemas específicos com a marca. Klassmann afirma que só houve informação clara sobre rompimentos na marca PIP após a retomada do assunto, no final de 2011.

Uma mulher ouvida pela reportagem, no entanto, afirma ter feito uma reclamação específica sobre o implante francês em julho de 2010.

FRANÇA

A agência teve ontem mais uma conversa com sua correspondente francesa, a AFSSAPS, que informou não haver consenso entre países europeus sobre a necessidade da retirada do silicone de forma ampla -o que foi orientado pela França, mas não pelo Reino Unido.

A França alerta que os cinco tipos de óleo identificados nas próteses -material diferente do registrado para uso em saúde- podem provocar irritação se vazados. Descarta, no entanto, associação com a maior incidência de câncer ou toxicidade.

A recomendação do governo brasileiro é para que as pacientes procurem seus médicos e que as decisões sejam tomadas caso a caso.

A Anvisa já sabe para quais serviços foram vendidas as próteses francesas. Klassmann afirmou que o material foi usado para fins estéticos e para reconstrução da mama, também em centros de referência contra o câncer. O Instituto Nacional de Câncer, procurado pela Folha, informou não ter adquirido próteses dessa marca.

Falta agora, disse Klassmann, decidir se as vigilâncias sanitárias e serviços de saúde locais vão, de forma ativa, ligar para todas as pacientes que usam a prótese. A questão é medir se o risco para as pacientes justifica tal ação, o que vai ser discutido com entidades médicas na próxima semana.

Está em andamento um inquérito administrativo sanitário que pode apontar responsabilidade no caso. Quando concluído, segue para o Ministério Público Federal.

A EMI, distribuidora e responsável pela circulação do material no Brasil, deve ser recebida hoje pela Anvisa.

Dirceu Freitas Filho, advogado que representa a EMI em ações judiciais, disse à Folha que a empresa vai defender junto à Anvisa que não há prova de que o produto apresentou problemas, para evitar o descarte do material ainda armazenado.

Freitas Filho diz que a empresa vendeu a prótese no país respaldada em pareceres internacionais e seguindo a legislação nacional, que, diz ele, permite o uso do silicone não medicinal, afirmação negada pela Anvisa.

"Não houve caso de problema efetivo com o produto. Você teve uma venda de 12 mil [pares]e só dez [mulheres] entraram com ação. Só ficou provado que houve rompimento, o que pode ocorrer [com outras marcas]."

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