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Teste pode detectar artrite reumatoide precocemente
Exame de sangue pode identificar doença anos antes de surgirem os sintomas
Estudo realizado na Suécia aponta que o aumento de determinadas substâncias inflamatórias no sangue é indicativo de risco futuro
IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Um exame de sangue pode
identificar o risco de desenvolvimento de artrite reumatoide
vários anos antes de surgirem
os primeiros sintomas, sugere
um estudo realizado na Universidade de Umea (Suécia).
A artrite reumatoide é uma
doença autoimune que ataca as
articulações, causando inflamação, erosão óssea e, se não
controlada, deformidades e incapacitação. Não tem cura,
mas, se tratada na fase inicial, a
doença pode ser controlada e as
consequências mais graves podem ser evitadas.
Atualmente, o diagnóstico é
feito quando surgem os sintomas. Mas, como os primeiros
sinais do distúrbio podem ser
confundidos com sintomas de
outras doenças, nem sempre o
tratamento é iniciado tão cedo
quanto seria desejável.
O estudo, que será publicado
no periódico científico "Arthritis & Rheumatism", aponta novas perspectivas para o controle da doença. "A possibilidade
de identificar marcadores [da
doença] antes de ela surgir,
além de tornar o diagnóstico
mais precoce, pode ajudar na
prevenção, principalmente no
sentido de mudar fatores de
risco como tabagismo e obesidade", diz José Carlos Szajubok, reumatologista do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo e da Faculdade de Medicina do ABC.
A equipe da Universidade de
Umea identificou 30 citocinas,
substâncias relacionadas a processos inflamatórios, que aparecem aumentadas nas pessoas
com artrite reumatoide. Por
meio de um exame de sangue,
os níveis dessas substâncias foram medidos em pessoas que
ainda não apresentavam sinais
do distúrbio.
Após cinco anos, os pesquisadores constataram que as pessoas que desenvolveram artrite
reumatoide foram as que já tinham os níveis dessa substância aumentada antes do surgimento da doença. Quando os
30 tipos de citocina estavam
aumentados, a chance de a pessoa ter artrite reumatoide nos
próximos anos foi de 86%, de
acordo com o estudo.
Possibilidades futuras
Segundo a reumatologista
Suely Roizenblatt, da Unifesp
(Universidade Federal de São
Paulo), o trabalho confirma estudos anteriores, que apontavam a relação entre substâncias inflamatórias e doenças
reumatológicas.
Para Szajubok, a possibilidade de descobrir a doença e intervir desde o início é um dos
focos principais das pesquisas
na área. Ele acredita, porém,
que um teste rotineiro de sangue, como o do estudo, é algo
para o futuro. "Por enquanto,
estamos trabalhando com a
melhoria dos testes que confirmam o diagnóstico mais rapidamente. Pelos critérios atuais,
é preciso esperar pelo menos
seis semanas com os sintomas
para dar o diagnóstico", diz ele.
Roberto Heymann, presidente do Comitê de Dor e Fibromialgia da Sociedade Brasileira de Reumatologia, acredita
que o papel do exame avaliado
no estudo pode ser o de ajudar
na criação de exames mais específicos que confirmem o
diagnóstico. "Mas não creio
que seja um exame para se pedir a todos. Porém, ele ajuda a
entender melhor o distúrbio e a
tentar descobrir quais fatores
inflamatórios aumentam primeiro. Sabendo disso, podemos
atacar melhor a doença. E hoje
já podemos, com um tratamento mais agressivo desde o começo, obter até a remissão dos
sintomas", afirma Heymann.
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