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Foco
Primeira clínica pública
de reabilitação de SP
completa um ano
Rodrigo Capote/Folha Imagem
![](../images/h0202201001.jpg) |
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Jovens em pós-tratamento na clínica em Cotia (SP)
MARIANA VERSOLATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A primeira clínica pública de
internação para adolescentes
dependentes de álcool e drogas
de São Paulo completou um
ano de funcionamento no dia
27 de janeiro com um saldo de
96 jovens atendidos, taxa preliminar de recuperação de 50% e
mudanças no projeto original
para adaptar as técnicas americanas, nas quais o projeto é baseado, à realidade brasileira.
Uma dessas mudanças inclui
a redução do número de leitos
para ampliar a estrutura de tratamento especial dos casos
mais graves de abstinência. Segundo Pedro Daniel Katz, diretor técnico da clínica e médico
psiquiatra do Samaritano, a diferença é que nos Estados Unidos há uma maior prevalência
de viciados em maconha, enquanto que, no Brasil, as drogas
de maior incidência são a cocaína e o crack.
"No nosso caso, há quadros
mais graves de abstinência e
por isso precisamos ter uma estrutura física diferente para ter
um tratamento clínico mais
bem preparado para emergências", afirma Katz.
Outra mudança é a aceitação
de jovens infratores. De acordo
com o diretor técnico da clínica, cerca de 90% dos jovens
atendidos tiveram algum envolvimento com o tráfico.
À época da inaguração, a nova clínica prometia recuperação em 60% a 70% dos casos,
taxa superior às normalmente
obtidas no Brasil. Segundo o
Cebrid (Centro Brasileiro de
Informações sobre Drogas Psicotrópicas), os índices de recuperação não vão além dos 40%.
De acordo com Katz, a taxa
de recuperação de 50% obtida
até agora na clínica pública é
preliminar porque o tratamento completo dura dois anos.
"Quando completarmos o primeiro ciclo, em 2011, vamos ter
resultados ainda melhores."
O projeto da clínica é uma
parceria do hospital Samaritano com a Secretaria de Estado
da Saúde e recebeu investimento inicial de quase R$ 1 milhão.
Os recursos para manutenção
do projeto são de aproximadamente R$ 1,7 milhão por ano,
custeado pelo Samaritano.
A clínica, sediada em Cotia
(Grande SP), atende jovens do
sexo masculino entre 14 e 18
anos e encaminhados pelas
unidades de saúde e conselhos
tutelares municipais. Depois de
ficarem internados por um período de um a três meses, eles
recebem acompanhamento de
um grupo multidisciplinar durante dois anos.
O adolescente G., de 16 anos,
é um dos 26 adolescentes que
atualmente estão em pós-tratamento na clínica. O tratamento
partiu da iniciativa dele próprio
e da tia, com quem ele mora. G.
começou a usar drogas aos dez
anos, quando morava com a
mãe em uma favela de Guarulhos. Usou maconha, cocaína e
crack -esta última, "a que mais
derruba", disse. Depois de roubar e traficar, viu que precisava
parar com o vício. "Se eu ficasse
na rua, não ia prestar", conta.
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