São Paulo, sábado, 06 de junho de 2009

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Projeto propõe tornar exame obrigatório

Aprovada na Câmara, proposta pretende levar fundo de olho, que evita cegueira, a todo recém-nascido

MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O exame de fundo de olho em recém-nascidos pode se tornar obrigatório em hospitais públicos e particulares de todo o país. Um projeto nesse sentido já foi aprovado por unanimidade em todas as comissões da Câmara, faltando a votação no Senado para se tornar lei.
A realização do exame, também chamado de mapeamento de retina, pode evitar problemas sérios de visão, inclusive a cegueira, pois detecta doenças como o retinoblastoma (um agressivo câncer ocular infantil), a catarata congênita, o glaucoma congênito e alterações de retina.
O autor da proposta, deputado Gilmar Machado (PT-MG), diz que de 3% a 5% dos brasileiros sofrem de algum problema sério de visão e que o exame poderia evitar metade dos casos.
Apesar de considerar o exame importante, a oftalmologista Viviane Lanzelotte, da Sociedade Brasileira de Pediatria, diz que ele diagnosticará poucos casos de retinoblastoma, pois a maior incidência da doença não ocorre entre os recém-nascidos. "Isto [a realização do exame sem detectar a doença] poderá levar a uma falsa impressão de exclusão definitiva do diagnóstico, quando este poderá ocorrer mais tarde."
Alexandre Taleb, consultor técnico do Ministério da Saúde em oftalmologia, explica que hoje o exame não é recomendado para todos os recém-nascidos pois envolve uma droga, mesmo que em pequena dose (colírio para dilatação da pupila), o que deve ser evitado ao máximo no caso de bebês.
Hoje, a Sociedade Brasileira de Pediatria indica o exame só para bebês que nascem com menos de 1.500 g ou menos de 32 semanas, quando o risco de doenças de visão é maior.
Lanzelotte ressalta que o aparelho para a realização do fundo do olho não é tão comum nas maternidades. Ainda segundo ela, só oftalmologistas podem fazer o procedimento, o que dificultaria o cumprimento da lei se o projeto for aprovado.
Segundo a médica, o exame não é feito como rotina em todos os recém-nascidos nem nos países desenvolvidos.
Taleb explica que o SUS (Sistema Único de Saúde) já cobre, desde a década de 1970, o exame de fundoscopia, outro procedimento que pode ser classificado como de fundo de olho.
Mais barato, o exame do olhinho, como é conhecido, é efetuado na maioria dos hospitais. Segundo o Ministério da Saúde, em 2008 foram feitos 1,8 milhão de procedimentos de fundo de olho (incluindo fundoscopia) pelo SUS.


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