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Projeto propõe tornar exame obrigatório
Aprovada na Câmara, proposta pretende levar fundo de olho, que evita cegueira, a todo recém-nascido
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O exame de fundo de olho em
recém-nascidos pode se tornar
obrigatório em hospitais públicos e particulares de todo o
país. Um projeto nesse sentido
já foi aprovado por unanimidade em todas as comissões da
Câmara, faltando a votação no
Senado para se tornar lei.
A realização do exame, também chamado de mapeamento
de retina, pode evitar problemas sérios de visão, inclusive a
cegueira, pois detecta doenças
como o retinoblastoma (um
agressivo câncer ocular infantil), a catarata congênita, o
glaucoma congênito e alterações de retina.
O autor da proposta, deputado Gilmar Machado (PT-MG),
diz que de 3% a 5% dos brasileiros sofrem de algum problema
sério de visão e que o exame poderia evitar metade dos casos.
Apesar de considerar o exame importante, a oftalmologista Viviane Lanzelotte, da Sociedade Brasileira de Pediatria, diz
que ele diagnosticará poucos
casos de retinoblastoma, pois a
maior incidência da doença não
ocorre entre os recém-nascidos. "Isto [a realização do exame sem detectar a doença] poderá levar a uma falsa impressão de exclusão definitiva do
diagnóstico, quando este poderá ocorrer mais tarde."
Alexandre Taleb, consultor
técnico do Ministério da Saúde
em oftalmologia, explica que
hoje o exame não é recomendado para todos os recém-nascidos pois envolve uma droga,
mesmo que em pequena dose
(colírio para dilatação da pupila), o que deve ser evitado ao
máximo no caso de bebês.
Hoje, a Sociedade Brasileira
de Pediatria indica o exame só
para bebês que nascem com
menos de 1.500 g ou menos de
32 semanas, quando o risco de
doenças de visão é maior.
Lanzelotte ressalta que o
aparelho para a realização do
fundo do olho não é tão comum
nas maternidades. Ainda segundo ela, só oftalmologistas
podem fazer o procedimento, o
que dificultaria o cumprimento
da lei se o projeto for aprovado.
Segundo a médica, o exame
não é feito como rotina em todos os recém-nascidos nem nos
países desenvolvidos.
Taleb explica que o SUS (Sistema Único de Saúde) já cobre,
desde a década de 1970, o exame de fundoscopia, outro procedimento que pode ser classificado como de fundo de olho.
Mais barato, o exame do olhinho, como é conhecido, é efetuado na maioria dos hospitais.
Segundo o Ministério da Saúde,
em 2008 foram feitos 1,8 milhão de procedimentos de fundo de olho (incluindo fundoscopia) pelo SUS.
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