São Paulo, sábado, 09 de julho de 2011

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Barretos ganha centro de treinamento de cirurgias

Hospital de Câncer passa a ter maior escola desse tipo na América Latina

Centro vai funcionar como filial de instituto francês, referência em capacitação de cirurgias pouco invasivas

CLÁUDIA COLLUCCI
ENVIADA ESPECIAL A BARRETOS

O maior centro de treinamento em cirurgia minimamente invasiva da América Latina foi inaugurado ontem no Hospital de Câncer de Barretos, instituição no interior paulista que só atende pacientes do SUS.
O centro funcionará como uma filial do Ircad, um instituto francês referência mundial em pesquisa e treinamento em cirurgias laparoscópicas e robóticas.
Quase um terço das vagas dos cursos oferecidos pelo Ircad Brasil será destinado a treinar médicos do SUS.
Os governos estadual e federal contribuíram com R$ 30 milhões para a criação do centro. Outros R$ 30 milhões foram bancados pelas multinacionais Covidien e Karl Storz, líderes no mercado de instrumentos cirúrgicos e endoscópicos.
A história da escolha de Barretos para sediar o centro é curiosa. Ao saber que o Ircad planejava abrir uma filial na América Latina, possivelmente na Argentina, o diretor-geral do hospital, Henrique Prata, foi para a França disposto a convencê-lo a mudar de ideia e instalar a unidade na terra do peão de boiadeiro. Conseguiu.
"Foi uma sucessão de milagres. O primeiro deles foi ter convencido o [médico Jacques] Marecaux [fundador do Ircad] mesmo sem falar uma palavra em francês", diz.
A instituição faz 3.000 atendimentos diários e é a maior da área oncológica no país. Além de verbas públicas, recebe recursos de fontes como leilões de gado.

MAIS CIRURGIAS
Prata está convencido de que, a partir do treinamento, o sistema público de saúde vai oferecer mais cirurgias videolaparoscópicas.
"Hoje, o problema está mais na capacitação dos profissionais do que no custo dessa cirurgia."
Segundo o cirurgião Armando Melani, diretor do Ircad Brasil, menos de 20% das retiradas de vesículas no SUS são feitas por laparoscopia. Nos serviços privados, essa taxa chega a 80%.
Para Melani, há resistência entre os cirurgiões. "Muitos pensam que começar a fazer cirurgia minimamente invasiva agora é uma regressão profissional."

A jornalista CLÁUDIA COLUUCI viajou a Barretos a convite do Ircad Brasil


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