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Alimento não reduz risco cardíaco
Revisão de estudos questiona o efeito protetor de produtos como salmão, grãos integrais e fibras
Para especialistas, o estilo de vida é o fator que mais determina o risco, não o consumo de um ou outro alimento isoladamente
GABRIELA CUPANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma revisão de quase 200 estudos sobre alimentação e
doenças cardiovasculares mostra que há pouca evidência que
alimentos como salmão, grãos
integrais e fibras consigam, sozinhos, reduzir o risco cardíaco.
Segundo os autores do texto,
publicado no "Archives of Internal Medicine", um dos jornais do "Jama" (jornal da Associação Médica Americana),
apenas nozes, vegetais e a dieta
do Mediterrâneo apresentaram forte relação com a diminuição dessas doenças.
Entre os itens que demonstraram pouca relação com proteção ao coração aparecem peixes, ácidos graxos ômega 3 de
fontes marinhas, grãos integrais, fibras, álcool e vitaminas
C, E e betacaroteno -justamente os mais presentes em
pesquisas sobre o tema.
Como a dieta mediterrânea
inclui todos esses alimentos,
segundo especialistas ouvidos
pela Folha, isso reforça a tese
de que, na verdade, é o estilo de
vida o fator determinante do
risco cardíaco -e não o consumo isolado de alimentos.
"Peixe, fibras, cereais integrais continuam sendo benéficos, mas dentro de um estilo de
vida saudável e de uma alimentação equilibrada", enfatiza o
cardiologista Carlos Scherr, da
Universidade Gama Filho, no
Rio de Janeiro. "Isso quer dizer
que comer só peixe não resolve", exemplifica.
O "Lyon Diet Heart Study",
um grande estudo francês feito
na década de 1990, revelou que
a dieta mediterrânea traz benefícios ao coração por outros
mecanismos além da redução
de gorduras. Os autores notaram que a mortalidade diminuiu mesmo sem grandes quedas nas taxas de colesterol.
"Não há alimento mágico",
reforça a nutricionista Adriana
Ávila, do Instituto do Coração,
em São Paulo. E o modo de preparo faz toda a diferença. Nunca é demais lembrar que os alimentos grelhados têm menos
gordura que os fritos, por
exemplo. Uma salada regada
com um fio de azeite é mais leve do que os mesmos vegetais
refogados no óleo. Quanto menor a quantidade de gordura
ingerida, mesmo que seja daquela considerada boa, menor
o número de calorias.
"A dieta mediterrânea é considerada a mais saudável do
planeta pois aumenta a longevidade", diz o nutrólogo Edson
Credidio, da Academia Latino-Americana de Nutrologia.
Segundo ele, quanto mais a
pessoa pratica essa dieta, menor a chance de morrer por
qualquer causa. Além de diminuir a incidência de doenças
cardíacas em 33%, ela reduz o
risco de câncer em 24% e também a chance de desenvolver
doenças como Alzheimer.
Para Daniel Magnoni, cardiologista e nutrólogo do Hospital do Coração, em São Paulo,
é o estilo de vida mediterrâneo
que garante os benefícios. "E
isso inclui praticar atividade física além da alimentação."
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