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Estudo liga medo de altura a desequilíbrio
FLÁVIA MANTOVANI
EDITORA-ASSISTENTE DO EQUILÍBRIO
A fobia de altura pode não ter
só fundo emocional: um novo
estudo sugere que as pessoas
com esse medo, chamado acrofobia, também têm alterações
no equilíbrio postural.
A pesquisa, feita na USP
(Universidade de São Paulo),
acompanhou 70 professores,
alunos e funcionários da instituição: 31 deles tinham acrofobia. Como a oscilação é difícil
de ser percebida, foi medida em
uma posturografia, exame em
uma plataforma móvel que segue o balanço das pessoas.
O corpo humano oscila naturalmente -a oscilação só é prejudicial quando é maior e gera
desequilíbrio. Enquanto o centro de massa das pessoas sem
acrofobia oscilou, em média,
dois centímetros quadrados, a
oscilação foi de cinco centímetros quadrados no grupo com o
medo. "O acrofóbico tem a impressão de que vai cair, o que
gera muita ansiedade", diz a fisioterapeuta Catarina Boffino,
autora do estudo.
Atualmente, a acrofobia é
classificada dentro dos transtornos de ansiedade. Mas um
estudo anterior já havia notado
que, diferentemente do que
acontece com outras fobias do
mesmo tipo, o medo de altura
raramente está relacionado a
um evento traumático. "A
maior parte dos acrofóbicos
nunca caiu do telhado ou da escada, por exemplo. Não é por isso que eles têm medo."
São usadas três informações
para manter o equilíbrio: a visão, um sistema que envolve o
tato e a propriocepção (sensação do próprio corpo) e o sistema vestibular. No teste, cada
elemento foi isolado, e notou-se que o problema dos acrofóbicos era no sistema vestibular.
Não se sabe a causa.
Segundo Boffino, o acrofóbico não nota o problema no sistema vestibular porque o compensa com outros elementos,
como a visão. Numa situação de
altura, porém, fica mais difícil
fazer essa compensação ocular.
Para a fisioterapeuta, a pesquisa mostra a necessidade de
aliar a psicoterapia a exercícios
de reabilitação vestibular, que
diminuem a oscilação postural.
"Tratar apenas o lado emocional não gera melhora física."
Pouca gente procura o médico por ter acrofobia. "Muitas
pessoas tratam como algo corriqueiro, mas pode interferir
muito na qualidade de vida."
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