São Paulo, terça-feira, 11 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Estudo liga medo de altura a desequilíbrio

FLÁVIA MANTOVANI
EDITORA-ASSISTENTE DO EQUILÍBRIO

A fobia de altura pode não ter só fundo emocional: um novo estudo sugere que as pessoas com esse medo, chamado acrofobia, também têm alterações no equilíbrio postural.
A pesquisa, feita na USP (Universidade de São Paulo), acompanhou 70 professores, alunos e funcionários da instituição: 31 deles tinham acrofobia. Como a oscilação é difícil de ser percebida, foi medida em uma posturografia, exame em uma plataforma móvel que segue o balanço das pessoas.
O corpo humano oscila naturalmente -a oscilação só é prejudicial quando é maior e gera desequilíbrio. Enquanto o centro de massa das pessoas sem acrofobia oscilou, em média, dois centímetros quadrados, a oscilação foi de cinco centímetros quadrados no grupo com o medo. "O acrofóbico tem a impressão de que vai cair, o que gera muita ansiedade", diz a fisioterapeuta Catarina Boffino, autora do estudo.
Atualmente, a acrofobia é classificada dentro dos transtornos de ansiedade. Mas um estudo anterior já havia notado que, diferentemente do que acontece com outras fobias do mesmo tipo, o medo de altura raramente está relacionado a um evento traumático. "A maior parte dos acrofóbicos nunca caiu do telhado ou da escada, por exemplo. Não é por isso que eles têm medo."
São usadas três informações para manter o equilíbrio: a visão, um sistema que envolve o tato e a propriocepção (sensação do próprio corpo) e o sistema vestibular. No teste, cada elemento foi isolado, e notou-se que o problema dos acrofóbicos era no sistema vestibular. Não se sabe a causa.
Segundo Boffino, o acrofóbico não nota o problema no sistema vestibular porque o compensa com outros elementos, como a visão. Numa situação de altura, porém, fica mais difícil fazer essa compensação ocular.
Para a fisioterapeuta, a pesquisa mostra a necessidade de aliar a psicoterapia a exercícios de reabilitação vestibular, que diminuem a oscilação postural. "Tratar apenas o lado emocional não gera melhora física."
Pouca gente procura o médico por ter acrofobia. "Muitas pessoas tratam como algo corriqueiro, mas pode interferir muito na qualidade de vida."


Texto Anterior: Foco: Fotógrafo lança um livro sobre luta e tratamento de doentes renais crônicos
Próximo Texto: Mieloma: EUA encontram incidência alta entre policiais
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.