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Bronzeamento artificial passa a ser proibido no Brasil
Equipamentos só poderão ser usados com fim terapêutico, para tratamento de doenças de pele como psoríase e vitiligo
Determinação começou a valer ontem e tem como base estudos que mostram um aumento de 75% no risco de ter câncer de pele
João Wainer - 19.set.02/Folha Imagem
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Mulher se bronzeia em clínica de São Paulo
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
As clínicas de estética não
poderão mais usar câmaras de
bronzeamento artificial. Desde
ontem, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
proibiu a prática, com base em
dados que mostram que o uso
dessas câmaras aumenta em
75% o risco de desenvolver melanoma (o câncer de pele mais
agressivo) em pessoas de até 35
anos que se expõem a elas.
Desde ontem, só podem funcionar equipamentos que tenham finalidade terapêutica.
Eles são encontrados em clínicas de tratamento fototerápico
para doenças de pele, como
psoríase, e os pacientes têm
acompanhamento médico.
"De um lado, tínhamos a exposição excessiva à radiação ultravioleta, que pode provocar
principalmente melanoma. De
outro, tínhamos um benefício
questionável", afirmou Dirceu
Barbano, diretor da Anvisa.
A Anvisa estima que existam
de 4.000 a 4.500 esquipamentos no país. Já a Associação
Brasileira de Profissionais do
Bronzeamento diz que há cerca
de 5.000 estabelecimentos
com câmaras no Brasil.
Antes de proibir o uso dos
equipamentos, a Anvisa colocou o assunto em discussão e
fez audiências públicas. De
acordo com Barbano, os argumentos dos profissionais favoráveis ao uso das câmaras não
foram suficientes. O descuido
comprovado na manutenção
dos aparelhos e lâmpadas também pesou na decisão.
"Eles afirmavam que essa exposição seria um fixador de vitamina D, mas não é possível
mascarar o risco de câncer com
uma propriedade terapêutica
não comprovada." A Anvisa
desconhece se outros países tomaram decisões semelhantes.
A dermatologista Selma Cernea, coordenadora da campanha nacional contra o câncer de
pele da Sociedade Brasileira de
Dermatologia, comemorou a
decisão da Anvisa. "Esta é a melhor notícia dos últimos tempos. Os dermatologistas sempre foram contra o uso das câmaras para fins estéticos", diz.
O dermatologista João Duprat Neto, diretor do Departamento de Oncologia Cutânea
do Hospital A.C. Camargo,
também elogia a proibição do
uso dessas câmaras. "Durante
muito tempo, existiu uma controvérsia sobre os riscos, mas
estudos comprovaram o aumento do risco de melanoma."
Para Cernea, a decisão da
agência de manter a autorização do uso das câmaras para
tratamentos de algumas doenças de pele foi acertada. "Nesses casos, o benefício do tratamento é superior ao risco de
aparecimento do câncer", explica a dermatologista.
A fiscalização da nova regra
será feita da mesma forma como ocorre hoje -pelos agentes
de vigilância sanitária locais. A
multa pelo descumprimento da
regulamentação varia de R$
2.000 a R$ 1,5 milhão. A clínica
poderá ser interditada.
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