São Paulo, quinta-feira, 12 de novembro de 2009

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Bronzeamento artificial passa a ser proibido no Brasil

Equipamentos só poderão ser usados com fim terapêutico, para tratamento de doenças de pele como psoríase e vitiligo

Determinação começou a valer ontem e tem como base estudos que mostram um aumento de 75% no risco de ter câncer de pele

João Wainer - 19.set.02/Folha Imagem
Mulher se bronzeia em clínica de São Paulo

LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

As clínicas de estética não poderão mais usar câmaras de bronzeamento artificial. Desde ontem, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu a prática, com base em dados que mostram que o uso dessas câmaras aumenta em 75% o risco de desenvolver melanoma (o câncer de pele mais agressivo) em pessoas de até 35 anos que se expõem a elas.
Desde ontem, só podem funcionar equipamentos que tenham finalidade terapêutica. Eles são encontrados em clínicas de tratamento fototerápico para doenças de pele, como psoríase, e os pacientes têm acompanhamento médico.
"De um lado, tínhamos a exposição excessiva à radiação ultravioleta, que pode provocar principalmente melanoma. De outro, tínhamos um benefício questionável", afirmou Dirceu Barbano, diretor da Anvisa.
A Anvisa estima que existam de 4.000 a 4.500 esquipamentos no país. Já a Associação Brasileira de Profissionais do Bronzeamento diz que há cerca de 5.000 estabelecimentos com câmaras no Brasil.
Antes de proibir o uso dos equipamentos, a Anvisa colocou o assunto em discussão e fez audiências públicas. De acordo com Barbano, os argumentos dos profissionais favoráveis ao uso das câmaras não foram suficientes. O descuido comprovado na manutenção dos aparelhos e lâmpadas também pesou na decisão.
"Eles afirmavam que essa exposição seria um fixador de vitamina D, mas não é possível mascarar o risco de câncer com uma propriedade terapêutica não comprovada." A Anvisa desconhece se outros países tomaram decisões semelhantes.
A dermatologista Selma Cernea, coordenadora da campanha nacional contra o câncer de pele da Sociedade Brasileira de Dermatologia, comemorou a decisão da Anvisa. "Esta é a melhor notícia dos últimos tempos. Os dermatologistas sempre foram contra o uso das câmaras para fins estéticos", diz.
O dermatologista João Duprat Neto, diretor do Departamento de Oncologia Cutânea do Hospital A.C. Camargo, também elogia a proibição do uso dessas câmaras. "Durante muito tempo, existiu uma controvérsia sobre os riscos, mas estudos comprovaram o aumento do risco de melanoma."
Para Cernea, a decisão da agência de manter a autorização do uso das câmaras para tratamentos de algumas doenças de pele foi acertada. "Nesses casos, o benefício do tratamento é superior ao risco de aparecimento do câncer", explica a dermatologista.
A fiscalização da nova regra será feita da mesma forma como ocorre hoje -pelos agentes de vigilância sanitária locais. A multa pelo descumprimento da regulamentação varia de R$ 2.000 a R$ 1,5 milhão. A clínica poderá ser interditada.


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