FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Não basta ter vontade para doar o sangue do cordão umbilical do bebê para um banco público -é preciso realizar o parto em um dos hospitais credenciados pela rede BrasilCord. Atualmente, o Brasil possui quatro bancos públicos, três em São Paulo e um no Rio de Janeiro e nove hospitais na rede credenciada.
Até pouco mais de um ano atrás, gestantes que fariam o parto em outro hospital conseguiam pegar um "kit doação" no Inca (Instituto Nacional de Câncer) e entregá-lo ao obstetra responsável pelo parto. O material era colhido e devolvido para ser processado e efetivamente congelado.
Mas, de acordo com a assessoria de imprensa do Inca, isso não é mais feito porque grande parte do material coletado em maternidades não-credenciadas chegava contaminado e tinha de ser descartado, o que gerava custo e desperdício. Desde então, nenhum dos bancos públicos aceita doação de sangue que seja coletado em hospitais de fora da rede credenciada.
Segundo Andreza Feitosa Ribeiro, coordenadora-médica do Banco de Sangue de Cordão Umbilical do hospital Albert Einstein, que mantém convênio com o Hospital Municipal do Campo Limpo, os bancos públicos não aceitam doação de fora para garantir a qualidade.
"Nossas coletas são feitas por equipes especializadas e treinadas para esse objetivo. A coleta é feita dentro dos padrões internacionais de qualidade e esterilidade, garantindo o sucesso de um futuro transplante. Mesmo com treinamento especializado, 25% do material colhido por nós é descartado."
A opinião é compartilhada pelos hematologistas responsáveis pelos outros três bancos públicos do país. "O sangue de cordão é extremamente sério, por isso a gente só congela o que a gente sabe exatamente como foi coletado", disse a hematologista Ângela Cristina Malheiros Luzo, do Hemocentro da Unicamp.
Ela diz que mantém equipes em mais dois hospitais e que pretende ter uma equipe volante -para fazer a coleta em outros hospitais. "Mas ainda não temos recursos para isso."
Para as coletas de sangue de cordão umbilical, o banco do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto mantém convênio com a Maternidade Mater -para os partos realizados na própria maternidade. Segundo o hematologista responsável pelo HC, Gil De Santis, o hospital não faz coletas porque os partos realizados lá geralmente são de gestações de risco.


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