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Papanicolaou é insuficiente para detectar lesão no útero
AMARÍLIS LAGE
ENVIADA ESPECIAL A NICE
Na avaliação do colo do útero, 26% dos papanicolaous não
detectam lesões de alto grau,
diz um estudo realizado no
Brasil e na Argentina e apresentado ontem no congresso da
Eurogin (organização européia
de pesquisa em infecção genital
e neoplasia, na sigla em inglês),
em Nice, na França.
O trabalho avaliou cinco métodos. A opção que se mostrou
mais segura (com índice de
acerto de 85,3%) para detectar
essas lesões, precursoras do
câncer de útero, é uma combinação do papanicolaou com a
inspeção visual com ácido acético -na qual as células afetadas pelo HPV ficam esbranquiçadas. A inspeção visual com
ácido acético está disponível no
Sistema Único de Saúde e não
encarece o papanicolaou, mas
não é utilizada, diz Paulo Naud,
que liderou o estudo.
Os dados provêm do resultado parcial do Lams (estudo latino-americano de rastreamento, na sigla em inglês), que é financiado pela União Européia.
Foram avaliadas 6.462 mulheres, das quais 3.423 eram de
Porto Alegre e, as demais, de
Buenos Aires. De acordo com
Naud, a OMS (Organização
Mundial da Saúde) tolera até
20% de erro no papanicolaou,
mas estudos indicam falhas em
uma proporção que varia de
10% a 40% dos diagnósticos obtidos por esse método.
Outros exames
Sozinha, a inspeção visual
com acido acético identifica
apenas 44,8% das lesões. A inspeção com lugol, um tipo de corante, diagnostica 55% dos casos. Outra opção é a captura híbrida, teste de biologia molecular. O problema, segundo Naud,
é seu custo (cerca de R$ 100) e,
apesar de identificar se a paciente foi ou não infectada pelo
HPV, não indica a existência de
uma lesão gerada pelo vírus.
De modo geral, quando algum desses exames mostra alteração, a paciente é encaminhada para a colposcopia. Nesse estágio, o índice de acerto é
de 100%, segundo a pesquisa.
Mas o trabalho observou que
muitas pacientes foram encaminhadas para a colposcopia
sem necessidade. Isso ocorreu
com 3% das mulheres que fizeram o papanicolaou e com
14,5% das que fizeram a captura híbrida. Entre as que fizeram
apenas inspeção visual com
acido acético, esse índice foi de
12%, e com lugol, 22%.
Segundo Naud, a melhor forma de prevenir o câncer cervical é a realização do papanicolaou com a inspeção visual com
acido acético associada a vacinação contra o HPV.
A repórter AMARÍLIS LAGE viajou a Nice a convite da GlaxoSmithKline
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