São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2008

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Papanicolaou é insuficiente para detectar lesão no útero

AMARÍLIS LAGE
ENVIADA ESPECIAL A NICE

Na avaliação do colo do útero, 26% dos papanicolaous não detectam lesões de alto grau, diz um estudo realizado no Brasil e na Argentina e apresentado ontem no congresso da Eurogin (organização européia de pesquisa em infecção genital e neoplasia, na sigla em inglês), em Nice, na França.
O trabalho avaliou cinco métodos. A opção que se mostrou mais segura (com índice de acerto de 85,3%) para detectar essas lesões, precursoras do câncer de útero, é uma combinação do papanicolaou com a inspeção visual com ácido acético -na qual as células afetadas pelo HPV ficam esbranquiçadas. A inspeção visual com ácido acético está disponível no Sistema Único de Saúde e não encarece o papanicolaou, mas não é utilizada, diz Paulo Naud, que liderou o estudo.
Os dados provêm do resultado parcial do Lams (estudo latino-americano de rastreamento, na sigla em inglês), que é financiado pela União Européia.
Foram avaliadas 6.462 mulheres, das quais 3.423 eram de Porto Alegre e, as demais, de Buenos Aires. De acordo com Naud, a OMS (Organização Mundial da Saúde) tolera até 20% de erro no papanicolaou, mas estudos indicam falhas em uma proporção que varia de 10% a 40% dos diagnósticos obtidos por esse método.

Outros exames
Sozinha, a inspeção visual com acido acético identifica apenas 44,8% das lesões. A inspeção com lugol, um tipo de corante, diagnostica 55% dos casos. Outra opção é a captura híbrida, teste de biologia molecular. O problema, segundo Naud, é seu custo (cerca de R$ 100) e, apesar de identificar se a paciente foi ou não infectada pelo HPV, não indica a existência de uma lesão gerada pelo vírus.
De modo geral, quando algum desses exames mostra alteração, a paciente é encaminhada para a colposcopia. Nesse estágio, o índice de acerto é de 100%, segundo a pesquisa.
Mas o trabalho observou que muitas pacientes foram encaminhadas para a colposcopia sem necessidade. Isso ocorreu com 3% das mulheres que fizeram o papanicolaou e com 14,5% das que fizeram a captura híbrida. Entre as que fizeram apenas inspeção visual com acido acético, esse índice foi de 12%, e com lugol, 22%.
Segundo Naud, a melhor forma de prevenir o câncer cervical é a realização do papanicolaou com a inspeção visual com acido acético associada a vacinação contra o HPV.


A repórter AMARÍLIS LAGE viajou a Nice a convite da GlaxoSmithKline


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