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12% das gestações no Brasil têm complicações graves
Dado é similar ao de outros países, mas mortalidade materna é maior aqui
FLÁVIA MANTOVANI
EDITORA-ASSISTENTE DO EQUILÍBRIO
De todas as gestações brasileiras, cerca de 12% têm complicações graves, mostram os
resultados dos primeiros três
meses de um projeto de vigilância epidemiológica que acompanha os partos ocorridos em
27 hospitais-referência do país.
Os dados foram apresentados no 53º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia,
que termina hoje em Belo Horizonte. O sistema é financiado
pelo CNPq e pelo Ministério da
Saúde e tem apoio da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Trata-se do primeiro estudo
prospectivo -que acompanha
os casos à medida que ocorrem- a levar em conta os novos
critérios da OMS para complicações graves na gravidez. Essa
padronização, que permite
comparar a situação em diversos países, foi divulgada oficialmente no mês passado.
No Brasil, as principais complicações são as decorrentes da
pressão alta e as hemorragias
no pós-parto, além das infecções. Em países desenvolvidos,
os maiores problemas acontecem por doenças já existentes,
como diabetes ou cardiopatias.
"Até dez anos atrás, o indicador mais importante para medir a saúde materna era a mortalidade. Como o número absoluto de mortes maternas é relativamente pequeno e os programas para reduzir a mortalidade materna no fim da década
passada não alcançaram as metas previstas, a OMS viu que seria mais produtivo focar no que
ocorre antes da morte: as complicações obstétricas graves",
explica José Guilherme Cecatti, professor titular de obstetrícia da Unicamp (Universidade
Estadual de Campinas) e coordenador do projeto brasileiro.
Frequência similar
A frequência de complicações, de 12%, é semelhante à de
outros países, mas a mortalidade materna é mais alta no Brasil do que em outras nações, o
que sugere que os brasileiros
não estão lidando bem com as
complicações. Se no Japão ou
no Canadá há no máximo dez
mortes maternas por 100 mil
nascidos vivos, no Brasil o índice é de 70 a 140.
"A gravidez tem complicações na Suécia e em Bangladesh. A proporção é similar, a
diferença é a forma como cada
país trata esses problemas e o
estado de saúde geral da paciente. Uma coisa é tratar uma
mulher saudável, outra é tratar
uma anêmica", diz Cecatti. Para ele, ao notarem antes o que é
um caso grave, os médicos conseguem agir mais rapidamente.
A obstetra Márcia Aquino,
diretora de divisão médica da
maternidade Leonor Mendes
de Barros, em São Paulo, diz
que depois os participantes do
estudo avaliam o que poderia
ter evitado as complicações.
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