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Dieta rica em gorduras ajuda a controlar fator de risco cardíaco
Cardápio dos pacientes era rico em gordura boa, presente em óleos vegetais
JULLIANE SILVEIRA
ENVIADA ESPECIAL A ORLANDO
Uma dieta composta por
40% de gorduras se mostrou
melhor para controlar fatores
da síndrome metabólica (conjunto de sintomas que elevam o
risco cardíaco) do que um regime com baixo teor do nutriente
(20%) em um estudo duplo-cego randomizado com 64 pacientes obesos que tinham o
problema. O trabalho foi apresentado ontem no congresso da
American Heart Association.
Os pacientes foram divididos
em dois grupos. A alimentação
de ambos era composta diariamente por 8% de gorduras saturadas, 15% de proteínas e 25
gramas de fibras. O cardápio do
primeiro grupo tinha 40% de
gordura predominantemente
monoinsaturada (proveniente
de óleos vegetais, como o azeite, e nozes) e 45% de carboidratos. O segundo grupo recebeu
cerca de 20% do mesmo tipo de
gordura e 65% de carboidratos.
Após quatro semanas de regime, pacientes do grupo que recebeu maiores teores de gordura apresentaram queda de 17
mg/dl no colesterol total e de
11,6 mg/dl no LDL (colesterol
"ruim"). No outro grupo, a queda foi de, respectivamente, 1,2
mg/dl e 3,4 mg/dl. Os que consumiram menos gordura também tiveram aumento nas taxas de triglicerídeos -11 mg/dl,
enquanto o outro grupo apresentou queda de 28,6 mg/dl.
"Precisamos avaliar ainda o
papel das gorduras monoinsaturadas para entender por que
elas contribuíram para os melhores resultados. Mas as maiores taxas de carboidrato também influenciaram nos piores
índices no grupo que recebeu
menos gordura", disse Pathmaja Paramsothy, autora do estudo e pesquisadora da Universidade de Washington.
Sabe-se que as gorduras monoinsaturadas ajudam na redução das taxas de LDL no sangue. Em contrapartida, dietas
ricas em carboidratos podem
estar ligadas ao aumento dos
níveis de triglicerídeos.
Para o endocrinologista Márcio Mancini, responsável pelo
Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica da Disciplina de
Endocrinologia e Metabologia
do Hospital das Clínicas de São
Paulo, os bons resultados do
grupo que ingeriu mais gordura
se devem mais à redução da
oferta de carboidratos do que
ao aumento de gordura.
"Dietas ricas em carboidratos podem levar ao aumento
dos triglicerídeos, que costumam ter seus níveis reduzidos
quando se restringem carboidratos. Além disso, quando se
restringem os carboidratos, o
organismo sofre um desvio do
metabolismo e tem redução de
apetite, o que pode ter colaborado para uma boa aderência às
recomendações dietéticas do
grupo que ingeriu mais gordura", acrescenta.
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